Borboletas-lobas estão perdendo suas manchas por causa do aquecimento global

Publicado em: 20/01/2024 às 12:50
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À medida que a temperatura do planeta aumenta, as borboletas-lobas (Maniola jurtina) estão perdendo as manchas escuras que possuem em suas asas. Acredita-se que as manchas em forma de olho nas asas anteriores tenham a função de afugentar predadores, enquanto as menores nas asas posteriores são usadas como mecanismo de camuflagem.

Uma pesquisa liderada pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu que as fêmeas dessa espécie de lepidópteros que se desenvolvem a uma temperatura ambiente de 11 graus Celsius têm seis manchas na parte inferior das asas posteriores. No entanto, aquelas que se desenvolvem em temperaturas mais elevadas apresentam menos manchas.

Os resultados do estudo foram revelados em um artigo publicado na revista ‘Ecology and Evolution’. Richard ffrench-Constant, um dos principais autores, explica em comunicado que “cada vez menos dessas manchas nas asas posteriores aparecem quando as fêmeas experimentam temperaturas mais elevadas durante a fase de pupa”, um estágio do desenvolvimento em que a futura borboleta está envolvida por uma crisálida.

Além da perda de manchas nas asas posteriores, os cientistas também encontraram fêmeas que perderam as grandes manchas em forma de olho nas asas anteriores.

Com base nessas observações, o pesquisador argumenta que “isso sugere que as borboletas adaptam sua camuflagem com base nas condições”, detalhando que “com menos manchas, podem ser mais difíceis de detectar na grama seca e acastanhada, que seria mais comum em um clima mais quente”.

No entanto, o mesmo não foi observado nos machos, e a equipe acredita que isso pode ser devido ao papel crucial das manchas na reprodução, atraindo as fêmeas.

Até então, acreditava-se que as variações nas manchas nas asas das borboletas-lobas dentro de uma mesma população refletiam o que é conhecido como polimorfismo genético, ou seja, “a coexistência de múltiplas formas genéticas em uma mesma população”. No entanto, este estudo revela que as diferenças resultam, na verdade, de uma ‘plasticidade térmica’, uma capacidade pela qual as borboletas reagem e se adaptam às mudanças de temperatura nos ambientes em que se desenvolvem.

Com um planeta cada vez mais quente, os pesquisadores preveem que as manchas das borboletas-lobas fêmeas diminuirão ano após ano. Richard ffrench-Constant confessa surpresa com o que encontraram: “Esta é uma consequência inesperada das mudanças climáticas”, nas quais “tendemos a pensar que as espécies estão se deslocando para o norte, em vez de mudarem sua aparência”. 



Fonte: espaçopb@gmail.com com Anda - Greensavers - Filipe Pimentel Rações - Foto: Axel Tschentscher | Wikimedia Commons

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