Sérgio Ricardo, autor de roteiro musical para peça de Ariano Suassuna, morre aos 88 anos no Rio de Janeiro

Publicado em: 24/07/2020 às 07:40
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Morreu na manhã dessa quinta-feira (23), aos 88 anos, o cantor e compositor Sérgio Ricardo, que atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo. Ele estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio de Janeiro, desde abril, quando contraiu covid-19 e teve uma insuficiência cardíaca nesta quinta-feira. A filha do músico, Adriana Lutfi, contou ao G1 que ele tinha se curado do novo coronavírus, mas precisou permanecer no hospital.

O enterro está previsto para a tarde desta sexta-feira (24), no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. A cerimônia será restrita à família devido à pandemia do novo coronavírus. No perfil do músico no Instagram, foi postada uma foto com uma mensagem informando sobre a morte dele. “Hoje pela manhã partiu nosso mestre Sérgio Ricardo, nosso amado João Lutfi, aos 88 anos de muita arte, resistência e, acima de tudo, muito amor. Suas expressões nos deram e darão ainda muita alegria, mas até os mais inspiradores guerreiros precisam descansar”, diz o post

Sérgio Ricardo fez carreira ao lado de grandes nomes da música brasileira, tendo ficado conhecido pela participação em festivais de música. Ele também dirigiu e atuou no cinema e na tevê, além de ter feito trilhas sonoras. Nascido em 18 de junho de 1932 em Marília, interior de São Paulo, e batizado como João Lufti, Sérgio Ricardo começou a estudar música aos 8 anos no conservatório de música da cidade.

Mudou-se em 1950 para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira profissional como pianista em casas noturnas. Foi nessa época que conheceu Tom Jobim e, pouco depois, começou a compor e cantar. Em 1960, gravou o LP ‘A bossa romântica de Sérgio Ricardo’, lançado com destaque para a canção ‘Pernas’. Fez sucesso também com músicas como ‘Zelão’, ‘Beto bom de bola’ e ‘Ponto de partida’.

Festival de Bossa Nova em Nova Iorque

Em 1962, participou do histórico Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall de Nova Iorque (EUA), ao lado de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, João Gilberto e Sérgio Mendes. No Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, em 1967, quebrou seu violão e jogou na plateia após ser vaiado pelo público, em uma cena que entrou pra história da década e é mostrada no documentário ‘Uma noite em 67’ (2010).

Trabalhos na tevê e no cinema

Na década de 1950, havia feito testes para trabalhos de atuação e foi contratado pela TV Tupi, onde participou de novelas e programas musicais. Anos mais tarde, dirigiu e atuou em filmes como ‘Esse mundo é meu’ (1964), ‘Juliana do amor perdido’ (1970) e ‘A noite do espantalho’ (1974). Também compôs músicas para as trilhas sonoras de ‘Deus e o diabo na terra do Sol’ e ‘Terra em transe’, grandes símbolos do cinema novo, dirigidos por Glauber Rocha.

Em 1968, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna ‘O auto da compadecida’, levada ao cinema pelo diretor George Jonas. Em 1991, publicou o livro ‘Quem quebrou meu violão’ (Editora Record), um ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos de 1940. Também se dedicou a obras de poesia, entre elas o livro ‘Canção Calada’, lançado em 2019.



Fonte: Espaço PB com G1 – Foto: Divulgação – contato@espacopb.com.br

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