Novo ministro da Educação minimiza feminicídio e cita “paixão” como motivo para assassinato de adolescente

Publicado em: 11/07/2020 às 10:25
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O novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu a uma “paixão louca” a atitude de um homem de 33 anos que matou uma adolescente de 17 anos por querer namorá-la. Ribeiro levantou a hipótese de que a menina “pode ter dado sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo” ao reproduzir involuntariamente um comportamento sexual que teria aprendido vendo televisão.

Segundo o agora novo ministro, “maneiras e trejeitos” adquiridos por crianças ao assistir programas indevidos são “porta aberta” para pedófilos acharem que estão sendo chamados para um relacionamento. Ribeiro é pastor evangélico e tem doutorado em educação.

“Acho que esse homem foi acometido de uma loucura mesmo e confundiu paixão com amor. São coisas totalmente diferentes. Ele, naturalmente movido por paixão, paixão é louca mesmo, ele então entrou, cometeu esse ato louco, marcando a vida dele, marcando a vida de toda família. Triste”, disse.

Os comentários foram feitos como pastor convidado em programa intitulado ‘Ação e Reação’, disponível no YouTube desde 2013. O caso do homem que matou a adolescente no Rio Grande do Norte foi novamente mencionado por Ribeiro no vídeo quando ele criticava cenas de nudez e sexo transmitidas pelas televisões abertas, que, na visão do novo ministro, promovem a erotização precoce.

“Esse mesmo rapaz, um camarada que é um homem maduro, se relacionar com uma menina de 17 anos, muito embora as mulheres amadureçam muito mais cedo que os homens. Ela pode ter dados sinais a ele que estava apaixonada ou coisa do tipo e que ela aprendeu, está acostumada a passar, e o cara entendeu assim, só que não era nada daquilo. E a criança pode fazer isso. E o cara, o pedófilo está pensando que a criança está querendo alguma coisa com ela, mas o que ela está fazendo é uma replicação daquilo que ela vê de maneira indevida na tevê aberta”, afirmou.

Em outro trecho, Ribeiro disse que “trejeitos” supostamente aprendidos por crianças com a televisão são “porta aberta para tendências pedófilas”: “O que me preocupa é a erotização da criança, e a criança então com atitudes e com maneiras e trejeitos que ela vê e que ela imita provocando pessoas que entendem que a criança está querendo ter algum tipo de relacionamento com ela. Isso é uma porta aberta para tendências pedófilas que nós já vimos”, afirmou.

O pastor fez ainda uma diferenciação sobre sensualidade e erotismo, afirmando que homens que não sejam homossexuais, “que não tenham tendência para cá ou para lá”, gostam de ver o corpo de uma mulher, e vice-versa, mas ressaltou condenar o que chamou de erotização baixo nível em programas de televisão.

“Sensualidade é uma coisa, erotismo é outra. Sensualidade é uma coisa até bonita, na mulher, no homem. Acho que tem os seus limites, é coisa bonita. Todo homem que não seja homossexual, que não tenha uma tendência para cá ou para lá, ele gosta de ver o corpo de uma mulher, e vice-versa. Falar que não é mentira. Agora caminhar para uma erotização baixando o nível, no intuito de termos liberdade, agora pode tudo, isso é perigosíssimo. Daqui a pouco uma tevê vai passar cenas explícitas”.

O pastor e o apresentador do programa, identificado como Augusto Capodicasa, falaram especificamente de alguns programas da televisão, entre eles ‘Amor e Sexo’, da TV Globo, que teve um trecho reproduzido. Ribeiro disse que não havia assistido, mas, depois de ver, o considerou de mau gosto. Destacou ainda que o que está por “trás disso é uma concorrência desenfreada”.

Ribeiro foi procurado pelo O Globo sobre as declarações, mas não retornou. O MEC também não respondeu até a publicação deste texto.



Fonte: Espaço PB com Extra (Renata Mariz) – Foto: Redes Sociais – contato@espacopb.com.br

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