Marielle Franco é reverenciada em conto africano

Publicado em: 12/06/2020 às 10:50
Foto

O legado de Marielle Franco no feminismo negro ganha delicada homenagem em animação do conto sobre resistência e conquistas das minorias ‘A Lenda do Tambor’, a ser exibida nesta sexta-feira (12), às 20h30, no canal de tevê por assinatura Prime Box Brazil. A analogia é retratada na série documental ‘Sankofa - A África que Te Habita’, que reflete sobre as sequelas da opressão colonial, dentre as quais o racismo sofrido por afrodescendentes, e também reverencia a decorrente herança multicultural dos povos escravizados nas Américas e na Europa.

As narrativas orais preservam os ensinamentos ancestrais, uma marcante tradição africanista transmitida entre gerações, que contribui para a formação de valores nos indivíduos. Narrada pela atriz e ativista Zezé Motta, a lenda diz que um grupo de macacos sonhava sem sucesso ir à Lua, até que o menor deles tem a ideia de se amontoarem entre si para trazê-la à Terra. O macaquinho consegue subir no astro antes que a pilha de seus colegas desmoronasse.

Como recompensa, recebeu um tambor da Lua. Ao retornar ao seu habitat, o animal tocou o tambor antes de chegar ao solo, levando a Lua cortar a corda que o transportava. Antes de morrer, o macaquinho pediu à moça que passava pelo local - representada por Marielle - que levasse o instrumento aos homens de seu país. Vieram pessoas de todas as partes da África e todos ouviram os primeiros sons do tambor.

Artista plástico, ilustrador, desenhista e videografista, o carioca Eduardo Santos idealizou a homenagem tomado pela emoção da tragédia em 2018. As referências da ilustração foram imagens África primitiva e a xilogravura. “O principal foco a se perceber é o valor que o grupo dá ao trabalho coletivo para alcançar um objetivo. O líder adquire uma nova forma de comunicação, o som do tambor, e a compartilha para benefício da comunidade. Mesmo após a partida do macaquinho, aquele conhecimento se alastra, tornando-se um marco para muitos. O legado da Marielle na luta por direitos sociais é o que se observa nessa metáfora”, explica. O profissional também ressalta o espírito Ubuntu presente na fábula, no qual a compaixão entre as pessoas é valorizada.

Símbolo de um pássaro mítico africano com a cabeça virada para as costas, Sankofa se traduz por “volte atrás e busque o que esqueceu”. Para além do que os livros descrevem, o afro-brasileiro neto de mulher escravizada César Fraga e o historiador Maurício de Barros Castro refizeram as quatro rotas do tráfico transatlântico do século XVIII (Guiné, Mina, Angola e Moçambique) em busca de seus antepassados, dando origem à série de tevê. O audiovisual é estruturado na viagem dos protagonistas por Cabo Verde, Guiné-Bissau, Senegal, Gana, Togo, Benim, Nigéria, Angola e Moçambique. Contextualizado por análises de historiadores, sociólogos e etnolinguistas, depoimentos e intervenções artísticas de descendentes e praticantes das religiões de matriz africana e se debruça na sabedoria dos contos orais.



Fonte: Espaço PB com assessoria - Foto Divulgação - Redação: contato@espacopb.com.br

Comentários: