Jair Bolsonaro foi insensível com a morte alheia por pelo menos seis oportunidades

Publicado em: 16/06/2022 às 12:10
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Ao comentar o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na última segunda-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou em detalhes que nem mesmo a Polícia Federal (PF) havia dado oficialmente. O presidente afirmou que “vísceras humanas” haviam sido encontradas no rio e que tudo indicava que “fizeram alguma maldade com eles”.

Bolsonaro também criticou uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que mandou o governo federal adotar imediatamente “todas as providências necessárias” para a localização dos desaparecidos. “É preciso dizer para o senhor Barroso que temos dezenas de milhares de pessoas que desaparecem no Brasil. Agora ele se preocupou apenas com esses dois”, afirmou.

Se trata de mais uma fala insensível de Bolsonaro sobre a morte de alguém. Na quarta-feira (15), a Polícia Federal afirmou que os irmãos Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessaram o assassinato dos desaparecidos.

Em maio deste ano, o Brasil assistiu ao assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, morto em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na cidade de Umbaúba, interior de Sergipe. Esquizofrênico, o homem ficou nervoso com a ação dos policiais, que utilizaram spray de pimenta e o imobilizaram no chão. Em seguida, os policiais jogaram um tipo de gás no porta-malas da viatura e colocaram Genivaldo dentro do veículo.

Os vídeos da ação brutal repercutiram nas redes sociais. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe apontou que o homem morreu por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. Ao comentar o caso, Bolsonaro afirmou que seria feita justiça, mas criticou a pressão da imprensa sobre o caso: “Com toda certeza será feita a justiça e todos nós queremos isso aí. Sem exageros e sem pressão por parte da mídia que sempre tem lado, o lado da bandidagem”.

Em dezembro de 2021, quando começavam os preparativos para a imunização das crianças contra a covid-19, Bolsonaro passou a se manifestar abertamente contra a vacinação dos pequenos: “Não está havendo morte de crianças que justifique algo emergencial”. Em outra ocasião, quando o país já registrava mais de 1,4 mil óbitos de crianças pela doença, o presidente minimizou o número. “Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento, profundamente, tá. Mas é um número insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades também”, disse.

A pandemia da covid-19 trouxe muitas falas insensíveis e desrespeitosas do presidente. Ao comentar a morte de pessoas com comorbidades, Bolsonaro afirmou que a doença “apenas encurtou a vida delas por alguns dias ou algumas semanas”. Durante uma live, o presidente achou de bom gosto imitar uma pessoa com falta de ar, um dos principais sintomas da covid-19. Logo no início da pandemia, após o Brasil ultrapassar o número de óbitos da China, o presidente foi enfático: “E daí? Lamento, quer que eu faça o que?”.

Quando o país tinha cerca de 2,5 mil mortos, o presidente se recusou a responder à pergunta de um jornalista sobre o número. “Não sou coveiro!”, afirmou. Passados dois anos de pandemia, a covid-19 resultou na perda de mais de 668 mil brasileiros.



Fonte: Espaço PB com Congresso em Foco (Caio Matos) – Foto: Evaristo Sá – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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