Grupo paraibano está entre as 21 organizações antirracistas contempladas pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos

Publicado em: 22/11/2020 às 00:05 - Atualizado em: 22/11/2020 às 00:29
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O Fundo Brasil de Direitos Humanos vai apoiar 21 organizações antirracistas no Brasil e o grupo paraibano Bamidelê – Organização de Mulheres Negras da Paraíba é uma das entidades contempladas em 17 estados brasileiros. A lista de grupos, coletivos e organizações foi divulgada na sexta-feira (20), ‘Dia da Consciência Negra’.

Os movimentos contemplados foram selecionados para receber apoio no edital Enfrentando o Racismo a Partir da Base: Fortalecimento Institucional e Mobilização Para Defesa de Direitos. Cada um dos grupos vai receber apoios de até R$ 50 mil.

Os recursos doados por meio do edital Enfrentando o Racismo a Partir da Base são de natureza flexível, ou seja, podem ser destinados ao que a organização considerar como prioridade: atividades de mobilização, condições materiais para a continuidade do trabalho de enfrentamento ao racismo que o grupo já realiza e outras demandas.

“O formato foi pensado como uma resposta às necessidades urgentes que muitas organizações vivenciam em meio à crise sanitária e social trazida pela pandemia de covid-19”, disse Ana Valéria Araújo, superintendente do Fundo Brasil. O edital foi viabilizado pelo Fundo Brasil com apoios da Fundação Ford, do Instituto Ibirapitanga e do Open Society Foundations.

O Bamidelê – Organização de Mulheres Negras da Paraíba é um projeto que articula a manifestação cultural da ciranda na escola e na organização comunitária, visando constituir elementos para combater o racismo ambiental e fortalecer a identidade negro-quilombola na comunidade remanescente de quilombo denominada Caiana dos Crioulos, no município de Alagoa Grande, na Região do Brejo da Paraíba.

Além do Bamidelê, foram contemplados outros 20 grupos: Coletivo de Mulheres Negras de Cáceres (MT), Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (MT), Instituto do Negro de Alagoas (Ineg-AL), Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (BA), Revista Afirmativa – Coletivo de Mídia Negra (BA), Terreiro Ilê Axé Jitolú (BA), Rede de Mulheres Negras do Ceará (CE), Associação de Cooperação das Comunidades Quilombolas de Pernambuco (PE) e Centro Cultural Cambinda Estrela (PE).

E mais: Fórum Nacional de Travestis e Transexuais (Fonatrans-PI), Coletivo de Assessoria Cirandas (RN), Fórum de Organizações Negras de Sergipe (SE), Associação de Mulheres Negras do Acre (AC), Coletivo Sapato Preto – Lésbicas Negras Amazônidas (PA), Quilombo dos Luízes (MG), Centro Coisa de Mulher/Casa das Pretas (RJ), Rede de Mães e Familiares de Vítimas de Violência da Baixada Fluminense (RJ), Associação Comunidade Cultural Quilombaque (SP), Bocada Forte Hip Hop (SP) e Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto (RS).

Durante o período de inscrições, o edital Enfrentando o Racismo a Partir da Base recebeu 549 projetos. Os conteúdos dos formulários de inscrição, vindos de grupos de base de todo o país, permitiram ao Comitê de Seleção elaborar uma leitura da situação das organizações negras e da própria população negra brasileira em meio à pandemia de covid-19, que ainda não acabou.

“Percebi que a fome é um problema que voltou a ser uma realidade para grande parte da população negra brasileira”, disse Jaqueline Lima, doutora em Antropologia Social e consultora em promoção da equidade de raça e gênero no Geledés Instituto da Mulher Negra. “Também ficou evidente a necessidade de uma comunicação nas comunidades voltada à prevenção: muitos grupos trabalham nesse enfoque”, completou.

Os editais do Fundo Brasil seguem uma metodologia de seleção que prioriza o olhar de ativistas com atuações relevantes nas diversas pautas dos direitos humanos. A primeira fase de seleção é uma triagem que verifica a adequação de cada proposta aos focos do edital. Em seguida, o Fundo Brasil convida um Comitê de Seleção externo e independente. É este Comitê que prepara uma lista de projetos recomendados para apoio. A decisão final é do Conselho de Administração do Fundo Brasil.

O Fundo Brasil de Direitos Humanos é uma fundação independente e sem fins lucrativos, instituída em 2006 por ativistas de direitos humanos de indiscutível relevância para a história do Brasil: Abdias do Nascimento (1914-2011), Margarida Genevois, Rose Marie Muraro (1930-2014) e Dom Pedro Casaldáliga. Sua missão é promover o respeito aos direitos humanos no país, criando mecanismos sustentáveis, inovadores e efetivos para fortalecer organizações da sociedade civil e para desenvolver a filantropia de justiça social. Conheça o trabalho do Fundo Brasil clicando aqui.



Fonte: Espaço PB – Foto: Acervo-Bamidelê – contato@espacopb.com.br

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