Generais defendem prisão de Pazuello durante reunião do Alto Comando do Exército

Publicado em: 23/05/2021 às 22:15
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O Diário Oficial da União (DOU) circula nesta segunda-feira (24) com a notícia da reforma do general Eduardo Pazuello. Além da sua postura durante o depoimento da CPI da Covid-19, totalmente contra os princípios defendidos pelo Exército Brasileiro “de honradez e lisura” – Pazuello, como ex-ministro da Saúde, mentiu 15 vezes, segundo as contas do relator, Renan Calheiros (MDB-AL) –, o general desrespeitou o regimento disciplinar que proíbe manifestações políticas aos militares da ativa. O ato, porém, sai com data retroativa à sexta-feira (21), uma forma de livrá-lo da prisão, punição correspondente à infração.

Pazuello, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), participou de uma manifestação política neste domingo (23), no Rio de Janeiro (RJ). Até as 16h ainda deste domingo, quando teve início a reunião do Alto Comando (parte presencial e parte virtualmente), a disposição era a de que ele recebesse voz de prisão. Quatro generais presentes queriam que assim fosse. Houve quem argumentasse que o gesto daria a impressão de que, ato contínuo, Bolsonaro estaria na alça de mira, correndo o risco de ser deposto. Desse modo, optou-se pela reforma retroativa, livrando ambos do vexame.

A medida traz um recado claro a Bolsonaro. O Exército Brasileiro “não é de sua propriedade e não se curva aos seus rompantes golpistas. De hoje em diante, tanto ele quanto Pazuello, caminham no fio da navalha. Apesar de não haver motivos para termos esperanças de que ele seja retirado do cargo, a medida de reforma imediata de Pazuello, no calor dos acontecimentos, deixa claro que Bolsonaro sai fragilizado do episódio”, avalia o site de notícias Brasil 247.

A ostentação de um exército “paralelo” pelas ruas do Rio de Janeiro, montado em Ducatis, Harley Davidson, BMW e outras marcas caras e famosas de motocicletas – muito fora dos padrões que policiais médios possam adquirir – foi outro ponto levado em conta na decisão do Alto Comando. Está ficando cada vez mais clara a disposição de Bolsonaro de se apoiar nesse segmento intermediário para falar em atos de força. Em última instância, sua atitude afrontou as Forças Armadas.

Conforme anunciado em entrevista ao Grupo Prerrogativas, no sábado (22), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pretende inquirir mais uma vez o agora general da reserva Pazuello.

Na condição de civil, sem o habeas corpus que garanta o seu direito de permanecer calado, é possível que o que os generais do Alto Comando evitaram aconteça. Eduardo Pazuello pode sair do Senado Federal com algemas no pulso.



Fonte: Espaço PB com Brasil 247 (Denise Assis) – Foto: Reprodução – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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