Covid-19: morre aos 92 anos o colecionador de artes Ricardo Brennand

Publicado em: 25/04/2020 às 10:45
Foto

Morreu nas primeiras horas deste sábado (25) o industrial e colecionador de artes e armas brancas Ricardo Brennand, aos 92 anos, devido a complicações da covid-19, doença infecciosa causada pelo novo coronavírus. Ele estava internado, há uma semana, na UTI do Real Hospital Português, em Recife, onde faleceu, e deixa a esposa, Gracita, com quem foi casado por 70 anos e teve oito filhos: Ricardo Filho, Antônio Luís, falecido em 1998; Catarina, os gêmeos Jaime e Lourdes, Renata, Patrícia e Paula. Brennand teve 20 netos e mais de 30 bisnetos.

Nascido em 27 de maio de 1927, na Usina Santo Inácio, no Cabo de Santo Agostinho, estado de Pernambuco, Ricardo Coimbra de Almeida Brennand se mudou com a família, aos quatro anos de idade, para o Engenho São João, hoje Bairro da Várzea, Zona Oeste de Recife. É em terras do antigo engenho que, desde 2002, funciona o Instituto Ricardo Brennand (IRB), maior sonho da vida dele.

Formado em Engenharia Civil e Mecânica, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 1949, Ricardo Brennand atuou na indústria de cana-de-açúcar, e depois nas de cerâmica, cimento, porcelana e vidro. Mais recentemente, o Grupo Ricardo Brennand tem investido, sobretudo, no setor de energia.

Em paralelo aos negócios, Ricardo Brennand nutriu durante a vida o colecionismo de armas brancas e obras de arte – peças adquiridas em leilões, museus e coleções particulares pela Europa e Ásia. Para além do conjunto arquitetônico do Instituto Ricardo Brennand, as coleções são seu grande patrimônio.

O Instituto Ricardo Brennand – que desde o dia 14 de março está com visitação suspensa devido à pandemia – é um amplo espaço cultural constituído pelo Museu de Armas, que abriga coleções de armas brancas, armaduras, peças decorativas e obras de arte de diferentes épocas; e também pela pinacoteca, galeria, destinada a eventos e exposições itinerantes; restaurante, biblioteca, com acervo dedicado à história colonial brasileira e, sobretudo, ao Brasil holandês; além da Capela Nossa Senhora das Graças.

A contribuição de Brennand para o circuito das artes em Pernambuco está para além do IRB, propriamente, e das coleções ali acomodadas: ele é lembrado por ter trazido a Pernambuco, à época da inauguração, a mostra internacional ‘Albert Eckhout Volta ao Brasil (1644-2002)’, com 24 obras do pintor holandês que veio a Pernambuco com a comitiva de Maurício de Nassau. A vinda foi fruto de dez anos de negociações com o Museu Nacional da Dinamarca, em Copenhague.

No acervo permanente da pinacoteca destaca-se outra exposição de grande destaque e que também joga luz sobre o período holandês: ‘Frans Post e o Brasil Holandês’, com obras do pintor da mesma terra que Eckhout.

Em 2014, por ocasião da Copa do Mundo, que teve Recife como uma das cidades-sede, o Instituto Ricardo Brennand foi pauta dos canais internacionais Fox Sports e History Channel. Já no ano seguinte, recebeu, pela primeira vez, o prêmio ‘Travelers’ Choice Museus’, eleito o Melhor Museu do País e da América do Sul, segundo as avaliações feitas por viajantes na plataforma Trip Advisor. No ranking mundial ocupou o 19º lugar.

O IRB se notabiliza também pela proposta educativa, com ações e programas desde visitas escolares até o projeto ‘Peça a Peça’, já realizado mais de 130 vezes – a cada edição, uma peça do acervo é posta sob o holofote da história da arte e também a daquele lugar, que é, por fim, um sonho e uma dedicação pessoal transformados num patrimônio cultural.



Fonte: Espaço PB com NE 10 – Redação: contato@espacopb.com.br

Comentários: