Ceará recebe reforço de 2,5 mil soldados do Exército nas ruas durante motim de policiais militares

Publicado em: 21/02/2020 às 18:11
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O Ceará conta com a atuação de 2,5 mil soldados do Exército Brasileiro, além de 150 agentes da Força Nacional, enviados ao estado para conter a crise na segurança pública após o motim de parte dos policiais militares.

Outros 150 agentes da Força Nacional devem chegar ao Ceará neste fim de semana, segundo o comandante de 10ª região militar, Fernando da Cunha Mattos.

Mattos chefia o patrulhamento das ruas em cidades da Grande Fortaleza devido à aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A lei entra em vigor em situação em que as forças padrões de segurança não conseguem garantir a ordem. Nesse caso, membros do Exército podem exercer poder de policiamento.

As Forças Armadas atuam no patrulhamento em cidades da Região Metropolitana de Fortaleza desde a manhã desta sexta.

Resumo:
5 de dezembro: policiais e bombeiros militares organizaram um ato reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares são proibidos de fazer greve.
31 de janeiro: o governo anunciou um pacote de reajuste para soldados.
6 de fevereiro: data em que a proposta seria levada à Assembleia Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação pedindo aumento superior ao sugerido.
13 de fevereiro: o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou insatisfeito com o pacote oferecido.
14 de fevereiro: o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover manifestações.
17 de fevereiro: a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de prisão de policiais em caso de manifestações.
18 de fevereiro: três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos de um batalhão na Região Metropolitana.
19 de fevereiro: batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados. O senador Cid Gomes foi baleado em um protesto de policiais amotinados.
20 de fevereiro: policiais recusaram encerrar o motim após ouvirem as condições propostas pelo Governo do Ceará para chegar a um acordo.
21 de fevereiro: tropas do Exército começam a atuar nas ruas do Ceará.

Batalhões ocupados

Policiais do Ceará se reuniram com senadores para ouvir propostas do governo estadual. — Foto: Kid Junior/SVMPoliciais do Ceará se reuniram com senadores para ouvir propostas do governo estadual. — Foto: Kid Junior/SVM
Policiais do Ceará se reuniram com senadores para ouvir propostas do governo estadual. — Foto: Kid Junior/SVM

Os PMs têm cruzado os braços para pressionar por aumento salarial. O movimento também tem fechado batalhões – nesta sexta, ao menos 9 dos 43 estão ocupados pelos manifestantes – e atacado carros oficiais, que têm os pneus esvaziados para não poderem ser utilizadas.

Em um desses batalhões, o senador licenciado Cid Gomes foi baleado ao jogar uma retroescavadeira contra o portão que era mantido fechado pelos encapuzados. Ele não corre risco de morte.

A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.

Na noite de quinta-feira (21), houve um encontro entre representantes dos policiais que participam do motim e uma comissão de senadores para por fim à paralisação. Mas, não houve acordo. Um dos pontos discutidos foi a anistia aos integrantes do movimento, mas o governo do Ceará diz esse ponto é inegociável.

A Constituição proíbe greve de agentes de segurança, como policiais militares, policiais civis, bombeiros e agentes penitenciários. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) reiterou o veto.

A maioria dos ministros entendeu que, por se tratar de um braço armado do Estado, a polícia não pode fazer paralisação porque isso prejudica e afeta toda a sociedade. A decisão teve repercussão geral, ou seja, vale para todos os casos de greve de polícias que cheguem a qualquer instância da Justiça.



Fonte: G1 CE

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