Bispo Dom Pedro Casaldáliga morre em São Paulo, aos 92 anos

Publicado em: 08/08/2020 às 13:10
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Bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT), Dom Pedro Casaldáliga morreu neste sábado (8) aos 92 anos. Ele estava internado em Batatais (SP). O religioso ficou conhecido por suas posições políticas e pelo trabalho pastoral ligado a causas como a defesa de direitos dos povos indígenas e o combate à violência dos conflitos agrários.

A morte de Casaldáliga foi confirmada pela Prelazia de São Félix do Araguaia, Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos). Com problemas respiratórios agravados pelo Mal de Parkinson, Casaldáliga foi levado de Mato Grosso para o interior de São Paulo na noite de terça-feira (4) em uma unidade de terapia intensiva (UTI) montada dentro de um avião. Um terceiro exame – complementar a outros dois realizados em Mato Grosso – descartou que o paciente tenha contraído covid-19.

Na tarde de sexta-feira (7), segundo o último boletim médico divulgado, o paciente estava com infecção no pulmão, em um quadro clínico grave e ele respirava com ajuda de aparelhos. O velório deve ocorrer em três locais: o primeiro, a partir de 15h deste sábado, na Capela do Claretiano, no Centro Universitário de Batatais, em Batatais, São Paulo. O segundo velório está previsto para ocorrer em Ribeirão Cascalheira (MT), a partir de segunda-feira (10). O terceiro e último velório será em São Félix do Araguaia.

História do missionário

Nascido em 16 de fevereiro de 1928 em Balsareny, na província de Barcelona, mudou-se da Espanha para o Brasil aos 40 anos. Veio como missionário, para trabalhar em São Félix do Araguaia. Pertencente à congregação dos missionários claretianos, foi o primeiro bispo da Prelazia do município – a nomeação, em 1971, partiu do Papal Paulo VI. Dom Pedro Casaldáliga ocupou o ofício até 2005, quando renunciou.

Já nos primeiros anos no Brasil, Casaldáliga envolveu-se, ao lado de outros padres espanhóis, na defesa de povos indígenas, ameaçados pela violência dos conflitos agrários e pela expansão dos latifúndios na região. Casaldáliga foi um dos responsáveis pela fundação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ainda na década de 1970. Em 2000, o bispo foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Seu trabalho junto aos índios xavantes, após anos de embate judicial contra latifundiários e produtores rurais, fez com que recebesse ameaças de morte em 2012. Além da atuação pastoral, Casaldáliga ficou conhecido pela produção literária, tanto de poesias quanto de manifestos, artigos, cartas circulares e obras com cunho político ou de temas ligados a espiritualidade, publicadas no Brasil e no exterior.

Em 2013, recusou-se a dar seu nome a um prêmio de jornalismo por se opor à nomeação da então secretária estadual da Cultura, Janete Riva. Em 2014, o bispo foi tema do filme biográfico ‘Descalço sobre a Terra Vermelha’, feito por duas produtoras espanholas em parceria com a TV Brasil. Em 2016, a história de Dom Pedro Casaldáliga foi contada em um livro escrito por Luiz Carlos Ribeiro e Flávio Ferreira. A obra é uma adaptação da montagem teatral ‘Fica Pedro’, de 2013.



Fonte: Espaço PB com G1 (Denise Soares, Kessilen Lopes e Flávia Borges) – Foto: Divulgação – contato@espacopb.com.br

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