Agenda afrofeminista marca o mês de julho na Paraíba

Publicado em: 18/07/2021 às 09:40
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O Movimento de Mulheres Negras na Paraíba (MMN-PB) está realizando uma vasta agenda afrofeminista durante todo o mês alusivo à 23ª edição do ‘25 de Julho na Paraíba’ e ‘9ª edição do Julho das Pretas’, em celebração ao ‘Dia Nacional de Tereza de Benguela’ e ao ‘Dia Internacional das Mulheres Afro-Latinas e Caribenhas’ – 25 de julho. Serão realizadas 310 programações de mulheres negras em todo o Brasil.

Com o tema ‘Para o Brasil Genocida Mulheres Negras da Paraíba Apontam a Solução’, pelo segundo ano a programação está sendo realizada, em sua maioria, de forma acadêmica e online, atendendo aos protocolos sanitários da pandemia. A realização do MMN-PB congrega entidades afrofeministas e organizações parceiras.

Entre os eventos, destacam-se o ‘Auto cuidado’, ocorrido neste sábado (17); o ‘Buyìn Dudu – Recontando as Nossas Histórias’, que homenageia cinco mulheres que fizeram história na luta do movimento negro feminista da Paraíba, programado para a próxima sexta-feira (23); e o ‘Cortejo de Mulheres Negras’, no dia 25 de julho. A agenda será encerrada com a realização da ‘Feira Preta Online’, no dia 31 de julho, a partir das 18h, na plataforma do Instagram (@mulheresnegraspb).

Terlúcia Silva, da Bamidelê, diz que o 25 de julho (25J) tem sido a grande mobilização do movimento de mulheres negras em torno de suas pautas específicas. “É um momento de denúncias, de reivindicação, organização e sobretudo pensar incidência política diante do atual contexto. A Paraíba realiza o 25J há 23 anos, estamos na 23ª edição e o Nordeste realiza a nona edição”, explica ela.

Sobre a escolha do tema, ela diz que está ligado ao “contexto genocida” experimentado pelo país neste momento. “Não que esse contexto seja novo para nós mulheres negras, para a população negra em geral do Brasil. A gente sempre esteve nessa condição de segmento populacional negligenciado, escanteado, não tendo nas pautas governamentais a centralidade”, destaca Terlúcia, admitindo que no momento a população brasileira tem um “governo que declaradamente é genocida”.

“Ele atua com a necropolítica, com a política da morte. Estamos vendo na CPI da Covid-19 no Senado Federal o quanto de desrespeito, o desinteresse deste governo com as populações. Diante de uma pandemia com mais de 540 mil mortos, vemos na CPI que este governo tem participação nessas mortes, que ele não investiu, que deveria ter investido, que ele não se dedicou, que ele não criou e nem efetivou políticas para amenizar os impactos da pandemia”, denuncia a ativista negra.

No início da criação, as mulheres negras se mobilizavam apenas no dia 25 de julho. Nos últimos anos, a programação vem sendo estendida para todo o mês, com as pautas protagonizadas por cada entidade e consolidadas pelo MMN-PB.

Terlúcia explica que o novo modelo de mobilização acontece em todo o mês de julho para alertar a sociedade de que os governos precisam ouvir as mulheres negras. “Existem problemas postos na sociedade que dependem apenas de decisões políticas, as soluções existem e são simples. Estamos no mês de julho gritando e evidenciando para a população que o tempo está muito difícil e a gente precisa abrir os olhos e não permitir que esse governo federal continue nos massacrando, massacrando toda a população. É por isso que estamos gritando que, para o Brasil genocida, as mulheres negras têm solução, sim”, reage a coordenadora da Bamidelê.

Participação

A realização do 25J, coordenada pelo MMN-PB, tem a participação das seguintes entidades: Bamidelê; Neabi/CCHLA/UFPB; Abayomi- Coletiva de Mulheres Negras na Paraíba; Fórum de Mulheres UFPB; Articulação de Mulheres Negras Jovens Brasileiras; Grupo de Mulheres Lésbicas e Bissexuais – Maria Quitéria; Articulação de negras jovens feministas; Sindicato das trabalhadoras domésticas de João Pessoa; Coletivo Pachamamá e projetos de extensão da UFPB; Sintesp/UFPB; e Rede de Mulheres Negras do Nordeste.

Segundo os organizadores, o 25 de julho é uma data significativa para as mulheres negras. É dia de mobilização e luta, de visibilidade da ação política, “de dizer que as vidas negras importam”. Essa é a data que reverencia o ‘Dia Internacional das Mulheres Negras da América Latina e do Caribe’ e também é o ‘Dia Nacional de Teresa de Benguela’. O marco que remete à data internacional é o ‘I Encontro de Mulheres Afro-latina, Americana e Caribenha’, ocorrido em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992. Desde então, muitas ongs e grupos sociais têm trabalhado para visibilizar a data e consolidá-la na agenda de luta dos movimentos sociais, sobretudo, do movimento de mulheres negras.

O ‘Dia Nacional de Teresa de Benguela’ foi criado pela Lei 12.987/2014 e homenageia a heroína negra que liderou importante quilombo no Mato Grosso, no século XVIII, resistindo à escravidão por duas décadas.

Agenda cumprida

De acordo com a agenda da 23ª edição do ‘Julho das Pretas na Paraíba’, ocorreu no último dia 3 a participação da ‘Ala da Resistência: Mulheres Negras Pelo Fora Bolsonaro’’ nas manifestações populares pelo impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido); no dia 1º de julho houve o início da campanha ‘Sou eu, uma mulher negra na UFPB’; e o lançamento do ‘Programa Top 10 Fora Bolsonaro Genocida’, no dia 12, com o desenvolvimento do tema ‘Na periferia e no centro: mulheres negras em pauta, no dia 15.

Também já ocorreu a ‘Roda de Conversa com Mulheres LBT Negras – Aquilombamento é a Solução, em 16 de julho; o ‘Falas Insubmissas: Mulheres Negras na UFPB Contra a Intervenção’, no dia 16; e o ‘Mulheres Negras Evangélicas em Rede: o porquê existimos e resistimos’, no dia 16; o ‘Comigo-ninguém-pode: Mulheres Negras de Terreiro na Paraíba’, dia 17; e o ‘Roda de autocuidado: Atinuké – aquela que merece carinho, dia 18, no Sindicato das Domésticas de João Pessoa e Região Articulação  de Mulheres Brasileiras (AMB).



Fonte: Espaço PB com Assessoria (Fátima Sousa) – Foto: Reprodução – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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