Viveiro Florestal Potiguara promove palestras a estudantes e distribuição de mudas de árvores nativas

Fazendo parte das atividades alusivas à Semana Nacional do Meio Ambiente, o Viveiro Florestal Potiguara José Carlos Félix de Morais, instalado e mantido pela Associação Paraibana dos Produtores de Mel da Baía da Traição (Associação Paraíba Mel), na Aldeia São Miguel, está promovendo a distribuição de mudas de árvores nativas da região com estudantes e entidades ligadas ao meio ambiente.

Na tarde da quarta-feira (7), a visita monitorada ao viveiro foi realizada pelos estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Eufrásio Rodrigues, da própria Aldeia São Miguel, e por integrantes da Associação Águas Potiguara, um grupo formado por indígenas potiguara das Aldeias Alto do Tambá e do Forte, também de Baía da Traição, que atua na recuperação dos rios que cortam o território indígena potiguara do litoral norte da Paraíba.

“Recebemos a escola e a associação e realizamos palestras sobre a Semana do Meio Ambiente. Foi uma tarde proveitosa e de muitas emoções com nossas crianças, quando relembramos as conquistas, aprendizados e saudades de pessoas que começaram junto com a gente na nossa luta”, destaca o vereador Ronaldo do Mel (sem partido), vice-presidente da Câmara Municipal de Baía da Traição (CMBT), e um dos coordenadores da Associação Paraíba Mel, adiantando que, na próxima segunda-feira (12), outras duas escolas estão programadas para visitar o viveiro.

“Além de distribuirmos as mudas de várias espécies nativas e frutíferas, participamos junto com as escolas de um dia de campo no momento do plantio das mudas pelos estudantes”, detalha Ronaldo, enfatizando que o Viveiro Florestal está renovando seus canteiros e se preparando para fazer o cultivo de novas mudas.

A Semana Nacional do Meio Ambiente é comemorada na primeira semana do mês de junho, quando no dia 5 se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa semana de conscientização foi criada no Brasil pelo Decreto 86.028, de 27 de maio de 1981. O objetivo era complementar a celebração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU).

“A iniciativa visa incluir a sociedade na discussão de pautas que tratem da preservação do patrimônio natural do país”, relembra Ronaldo do Mel. O Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado pela ONU durante a Conferência de Estocolmo, na Suécia, que aconteceu entre 5 e 16 de junho de 1972. E a proposta dessa data é chamar a atenção de todos os governos mundiais e da população sobre a necessidade de implantar medidas emergenciais para prevenir a degradação do meio ambiente.

Viveiro Florestal Potiguara

O Viveiro Florestal Potiguara José Carlos Félix de Morais, que produz mudas de plantas nativas para reflorestamento nas áreas das 13 aldeias indígenas localizadas no município de Baía da Traição, completou um ano de atividades no mês de maio. Foram produzidas até o momento cerca de 3,5 mil mudas e mais de 2,5 mil delas já foram distribuídas às famílias que sobrevivem do extrativismo no território indígena.

“A maior parte dessas mudas é de mangabeira, pois a maioria dos agricultores familiares indígenas sobrevive da comercialização da mangaba. E a distribuição das plantas, num primeiro momento, foi direcionada aos moradores da Aldeia São Miguel e comunidades circunvizinhas”, informa o vereador Ronaldo do Mel.

Instalado na Associação Paraibana dos Produtores de Mel da Baía da Traição (Associação Paraíba Mel), o Viveiro Florestal Potiguara leva o nome do técnico agrícola José Carlos Félix de Morais. Ele era indígena potiguara e atuava na Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), do governo da Paraíba. “É uma homenagem a José Carlos, que foi presidente da Associação Paraíba Mel quando eu me afastei por conta da campanha eleitoral”, explica o vereador Ronaldo.

O Viveiro Florestal Potiguara tem o apoio do Fundo Casa Socioambiental, que há pouco mais de um ano lançou um edital e a Associação Paraíba Mel se inscreveu para concorrer com o projeto de reflorestamento. “Acabamos sendo contemplados. Eles mandaram os recursos, poucos, mas com o dinheiro compramos equipamentos, como carros-de-mão, ferramentas, material de irrigação, material para montar a infraestrutura para montar o viveiro”, lembra Ronaldo do Mel.

O Fundo Casa Socioambiental é uma organização que busca promover a conservação e a sustentabilidade ambiental, a democracia, o respeito aos direitos socioambientais e a justiça social por meio do apoio financeiro e fortalecimento de capacidades de iniciativas da sociedade civil na América do Sul. A entidade é pioneira no debate da filantropia socioambiental no Brasil desde 2005. “Nossa missão é gerar impacto positivo nos mais diversos territórios, ao investir nas vidas ao seu redor, criando conexões entre pessoas e organizações. Existimos para transformar”, garante a direção do Fundo Casa Socioambiental.

Combate ao desmatamento

O vereador Ronaldo do Mel destaca a importância do viveiro de mudas nativas no combate ao desmatamento no município de Baía da Traição. “Com o viveiro, nós combatemos essa história do desmatamento, que é grande aqui, principalmente com o aumento de áreas ocupadas e plantadas com cana-de-açúcar. E agora a gente vem com mudas de frutas e outras árvores nativas. Tudo isso pra gente tornar a coisa sustentável, favorecendo a agricultura familiar indígena”.

As matas da região da Aldeia São Miguel, por exemplo e segundo Ronaldo do Mel, estão voltando, favorecendo a atividade extrativista da mangaba. “Estamos concentrando na mangaba, já que muitas famílias dependem da cultura dessa fruta”.

A Associação Paraíba Mel foi criada em 2006 e Ronaldo, antes de chegar à Câmara de Baía da Traição, coordenava as atividades da entidade desde 2011. Além do impacto da pandemia do novo coronavírus, que provoca a covid-19, as ações da Associação também foram bastante prejudicadas pelo “abandono das políticas públicas” por parte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Mas agora, com o governo Lula, estamos voltando com força total”, comemora o parlamentar.

No viveiro de plantas nativas da Associação Paraíba Mel são produzidas mudas de jenipapo, mangabeira, jurema, mangueira, jatobá, cajueiro e acerola, além de plantas ornamentais, como as palmeiras. “Esse trabalho visa principalmente repor a vegetação nativa que vem sofrendo com o desmatamento, mas agora ganha ainda mais força”.