Testemunho de “fantasma” leva marido à condenação por homicídio

Publicado em: 05/11/2022 às 23:50
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O aparecimento do “fantasma” de uma mulher à sua mãe fez com que um caso fosse reaberto e o marido da vítima terminou sendo condenado por homicídio. Em julho de 1897, nos Estados Unidos, Edward Stribbling Shue, conhecido como Trout Shue, foi condenado por homicídio em primeiro grau por ter estrangulado a esposa – e o testemunho do que seria o espírito da mulher, Zona Heaster Shue, foi decisivo para a condenação.

Esse foi o primeiro e único, até agora, caso judicial nos Estados Unidos em que o testemunho de um “fantasma” foi admitido como uma prova válida por um tribunal.

Por volta das 10h do dia 23 de janeiro de 1897, o corpo de Zona Shue, com 23 anos, foi encontrado por um menino. “A jovem estava caída no chão da casa que partilhava com o marido, próximo às escadas, com o rosto para baixo, com um braço esticado e o outro preso debaixo do seu peito, além da cabeça inclinada para um lado”, descreve o jornal Huffington Post.

O menino alertou para o que havia encontrado e o marido, Trout Shue, rapidamente foi para casa, chegando antes do médico legista. Quando o especialista chegou, o marido já tinha levado o corpo da mulher para a cama e a tinha colocado um vestido de gola alta.

Enquanto a autópsia era feita, Trout Shue se mostrou estar muito emocionado e chorou, o que levou o médico a parar de examinar o corpo, como um sinal de respeito ao “marido desgostoso”, classificando o caso como um “desmaio eterno” como a causa de morte.

Um velório tradicional foi convocado na véspera do funeral e quem atendeu notou um comportamento peculiar de Trout Shue, que imediatamente colocou um cachecol sobre o pescoço da sua falecida esposa e pôs ainda uma almofada e um cobertor debaixo da sua cabeça. O marido estava também “tão emocionado” que impediu que o restante das pessoas se aproximasse do corpo da mulher para se despedirem.

Esses comportamentos levantaram suspeitas à mãe da vítima, Mary Jane Heaster, que não aprovava a relação da filha com Trout Shue desde o momento em que se conheceram. A mãe começou depois a rezar todas as noites para que Deus lhe revelasse a verdade sobre a morte da sua filha.

Após quatro semanas, na escuridão da noite, o “fantasma” de Zona teria visitado a mãe. Mary Jane afirmou que estava acordada quando o espírito da filha lhe apareceu durante quatro noites sucessivas e lhe contou os detalhes do crime à qual foi vítima.

O “fantasma” de Zona teria revelado que Trout Shue era violento e que a tinha matado por estrangulamento após uma discussão no jantar da noite anterior. A mãe rapidamente contactou o procurador John Preston, que reabriu o caso.

A investigação de Preston concluiu que Trout Shue tinha um histórico de violência e que uma ex-mulher dele também já tinha morrido em circunstâncias sem explicação. A comunidade local também relatou que o marido andaria comentando que “ninguém vai conseguir provar que matei a Zona”.

O corpo da jovem foi desenterrado para ser analisado novamente. Os especialistas concluíram que Zona morreu asfixiada e notaram marcas de dedos em seu pescoço. Trout Shue foi convocado para depor e, apesar de ter negado qualquer envolvimento na morte, não tinha nenhum álibi, tendo depois sido acusado de homicídio. O procurador decidiu não chamar a mãe de Zona para depor, temendo que a história sobre o “fantasma” retirasse a credibilidade à acusação.

Por essa mesma razão, a defesa de Trout Shue chamou a sogra para depor. No entanto, isso não ajudou o marido da vítima em nada: pouco mais de uma hora depois do início da deliberação, o júri anunciou que o considerava culpado por homicídio em primeiro grau e o condenou à prisão perpétua.



Fonte: Espaço PB com Zap (Adriana Peixoto) – Foto: Domínio Público – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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