Reprodução de araras e papagaios é ameaçada por traficantes

Em ano cheio de apreensões envolvendo espécies de aves originárias do Brasil, a busca dos traficantes por papagaios e araras aumenta na época reprodutiva

As temporadas de reprodução dos papagaios e araras vão, respectivamente, de agosto a dezembro, no Cerrado, e de dezembro a março, na Caatinga. Nesse mesmo período, os traficantes também começam a procurar ovos e filhotes dessas aves, para criar ou vendê-los como animais domésticos, além de praticarem o tráfico no exterior.

De acordo com Marcelo Pavlenco, diretor e presidente da ONG SOS Fauna, “o poder público ainda não tem uma estrutura minimamente razoável para fiscalizar os crimes e receber animais apreendidos. Apenas aves que interessam a criadores comerciais e zoos recebem atenção especial”. Por isso, ele prevê que esse ano muitas araras e papagaios morrerão.

A arara-azul-de-lear é uma espécie muito ameaçada. Só neste ano já ocorreram apreensões de 29 dessas aves no Suriname, três em Bangladesh e seis no Brasil. A ideia dos traficantes era levar os animais para a Europa, onde eles seriam vendidos.

O roubo dos ovos e filhotes dessas aves é perigoso, pois a taxa de reprodução e a população da espécie são baixos. Existem menos de 2,3 mil araras-azul-de-lear na Caatinga, sendo que apenas 220 delas estão em idade reprodutiva. Além disso, cada ninhada tem em média apenas dois ovos.

Outra espécie favorita dos traficantes, o papagaio-verdadeiro ainda sofre com o desmatamento do Pantanal. A população dessas aves diminuiu 30% onde o bioma sofreu desmate para plantações de grãos ou implantações de pastos para o gado. Isso se deve ao fato dessa espécie montar seus ninhos em árvores e usar elas para se esconder de predadores.

Pavlenco afirma que “essa situação não se resolverá sem um grande esquema de proteção pública ou privada na região onde vive a espécie”.