Projeto incentiva escrita e leitura entre reeducandos na Paraíba

Publicado em: 15/09/2021 às 09:10
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Com o apoio da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap), a Universidade Federal a Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal do Tocantins (UFTO) realizam desde o início de 2019 o projeto de extensão universitária ‘Entre nós: cartas, palavras e conversas’. A atividade educacional ocorre na Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes, em João Pessoal, e, na manhã da segunda-feira (13), doze reeducandos receberam o certificado. Essa turma participou do projeto entre março e agosto de 2021, com carga horária de 192 horas.

O trabalho consiste na troca de cartas entre os reeducandos e pessoas voluntárias, a exemplo de professores e estudantes universitários. Um detalhe importante é que todo material escrito é lido por uma equipe de segurança antes de ser destinado, para evitar que mensagens ou textos que não sejam especificamente relativos à temática educacional sejam repassados.

Na entrega dos certificados, os policiais penais Leonardo Novaes, diretor da unidade prisional, e Breno Cavalcanti, diretor da Escola Estadual Graciliano Ramos, instalada no Presídio Sílvio Porto, representaram a Seap.

A coordenação do projeto é do professor Timothy Dênis Ireland, da UFPB, e da professora Aline Campos. Nas trocas de correspondências, os reeducandos escrevem poemas, textos em prosa, onde expressam um pouco sobre sua pessoa, seus projetos. Eles têm como um dos benefícios a remição da pena pela leitura.

O diretor da Penitenciária Romeu Gonçalves Abrantes, Leonardo Novaes, enfatizou que a educação transforma pessoas. “É um instrumento de dignidade humana. Há três anos, a unidade prisional só contava com um círculo educacional com 12 alunos, e esse número hoje foi mais que dobrado. A unidade obteve o maior índice de aprovação no Enem PPL, cerca de 62% dos inscritos foram aprovados. E em breve reeducandos dessa unidade estarão em cursos de nível superior”. Leonardo agradeceu a todos de sua equipe pelo empenho no processo de reinserção social de pessoas privadas de liberdade, como também aos secretários Sérgio Fonseca e João Paulo Barros, pelo apoio.

Breno Cavalcanti, policial penal e diretor da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Graciliano Ramos, que abrange onze unidades prisionais de cinco cidades, é um entusiasta da educação em prisões e avalia que o projeto ‘Entre nós: cartas, palavras e conversas’ é mais uma boa prática de resultados positivos.

“São coisas que a gente vai construindo aos poucos, mas me enchem de satisfação. São pequenas iniciativas que vão se tornando grandes com o passar do tempo e que têm um reflexo extremamente positivo, não somente na vida do preso, mas também no sistema prisional como um todo”.

Três alunos da Escola Graciliano Ramos conquistaram recentemente o primeiro, segundo e terceiro lugares no Concurso de Redação da Defensoria Pública da União (DPU).

O professor Timothy Dênis Ireland lembra que tudo começou em 2019, com a leitura presencial na Paraíba e no estado do Tocantins. Com a pandemia, surgiu em 2021 a versão virtual, com a troca de cartas entre os apenados e os voluntários, os chamados correspondentes extramuros. Cada mês foi trabalhado um tema específico, isso no período de seis meses, quando foram produzidos seis livretos. O primeiro módulo foi concluído agora. Cada apenado recebe o livreto e caneta e papel para escreverem as cartas. Alguns dos correspondentes extramuros são de outros estados da Federação.

A parceria envolve a Unesco, o governo paraibano e os voluntários de várias instituições. “Uma das questões foi muito de ter alguém que escuta, então, esse processo de carta tem sido muito positivo e ajuda na escrita das pessoas que têm dificuldade”, avalia o professor Timothy. Todas as cartas e livretos somente são liberados após análise da direção do presídio.



Fonte: Espaço PB com Secom-PB – Foto: Divulgação – contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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