Produção intensiva de animais para consumo pode causar nova pandemia mundial

Publicado em: 05/07/2020 às 13:05
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Ainda sem saber, ao certo, os reais impactos da atual pandemia do novo coronavírus, o mundo pode se deparar com uma nova pandemia proveniente dos animais. Cientistas chineses anunciaram no último dia 29 a identificação de um subtipo de vírus da gripe em porcos. O novo patógeno, que é uma variação do vírus influenza, apresenta potencial para gerar uma nova pandemia. De acordo com os pesquisadores, o G4EA é uma derivação da H1N1, que matou cerca de 250 mil pessoas em 2009.

A descoberta foi feita a partir de um monitoramento de vírus em porcos. A medida faz parte de um trabalho de rotina da vigilância em gripe na China, uma vez que esses animais são considerados “caldeirões” biológicos, onde diferentes tipos de vírus se misturam e adquirem novas características. A China possui população de, aproximadamente, 310 milhões de porcos em fazendas, sendo criados para abate. No Brasil, são criados, aproximadamente, 42 milhões de animais. Esses números levantam o alerta para o modelo de criação intensiva de animais para consumo no Brasil.

No mundo, aproximadamente 70 bilhões de animais de fazenda são criados e abatidos todos os anos – dois terços em condições industriais intensivas, com condições precárias de confinamento, onde os animais não conseguem se mover livremente ou expressar seus comportamentos naturais, o que causa estresse crônico, reduzindo a imunidade dos animais e propiciando um ambiente ideal para a propagação e mutação de vírus e bactérias.

Daniel Cruz, coordenador de Agropecuária Sustentável na Proteção Animal Mundial, explica que 60% das doenças infecciosas emergentes envolvem animais e, se o sistema não mudar, essa não será a última pandemia que enfrentaremos. “Essa é mais uma razão pela qual precisamos mudar nossa interação com os animais de fazenda, não apenas pelo bem-estar deles, mas também pela saúde única, ou seja, dos animais, das pessoas e do planeta. Não podemos mais ignorar os riscos que estão por traz da produção industrial intensiva, expondo os animais ao estresse crônico e consequentemente à disseminação de doenças”.

E continua ele: “Se queremos evitar futuras pandemias – que podem ser piores que a da covid-19 – precisamos repensar nosso sistema alimentar. Para isso, é necessária uma mudança radical na forma como criamos os animais de fazenda. O momento está nos mostrando que a produção industrial intensiva gera consequências graves aos animais, às pessoas, aos negócios e ao planeta”, finaliza.

Proteção Animal Mundial

A Proteção Animal Mundial (World Animal Protection) move o mundo para proteger os animais por mais de 50 anos. A organização trabalha para melhorar o bem-estar dos animais e evitar seu sofrimento. As atividades da organização incluem trabalhar com empresas para garantir altos padrões de bem-estar para os animais sob seus cuidados; trabalhar com governos e outras partes interessadas para impedir que animais silvestres sejam cruelmente negociados, presos ou mortos; e salvar as vidas dos animais e os meios de subsistência das pessoas que dependem deles em situações de desastre.

A organização influencia os tomadores de decisão a colocar os animais na agenda global e inspira as pessoas a mudarem a vida dos animais para melhor. Mais informações: www.protecaoanimalmundial.org.br.



Fonte: Espaço PB com assessoria – Foto: Internet – contato@espacopb.com.br

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