Preço do arroz vai permanecer em alta até março do ano que vem

Publicado em: 18/09/2020 às 06:55 - Atualizado em: 18/09/2020 às 07:06
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Um dos alimentos mais consumidos na mesa dos brasileiros sofreu um aumento de preço nos últimos dias e isso gerou reclamação. O valor médio do pacote de cinco quilos do arroz está em torno de R$ 35,00. Em entrevista ao Portal Brasil 61, o presidente da Associação Brasileira da Industria do Arroz (Abiarroz), Elton Doeler, afirmou que a alta no preço do produto foi necessária para manter o estímulo da produção do grão.

Segundo ele, 80% do arroz brasileiro é produzido basicamente na Região Sul do país. Nos últimos dez anos, o setor produtivo trabalhava com preços que giravam em torno de R$ 2,00 o quilo para o consumidor, e davam valores ao produtor de R$ 40,00 a saca. Além desse quadro, na avaliação de Doeler, uma série de fatores contribuiu para essa elevação de custo.

“Foi uma série de notícias, especialmente a pandemia, em que nós tivemos uma mudança de hábito. As pessoas ficaram em casa e isso aumentou o consumo. Com o dólar valorizado houve favorecimento de exportações, os mercados tradicionais importadores fecharam suas fronteiras para exportações de arroz. Mas o Brasil continuou. Então, houve uma sensação de escassez no mercado e isso trouxe o aumento de preço na matéria prima”, explicou.

Com essa mudança de cenário, o presidente da Abiarroz, acredita que o consumidor deve continuar pagando um valor mais caro no quilo do arroz, pelo menos até a próxima safra. No entanto, mesmo com as alterações de preço, ele acredita que o produto não vai custar tanto ao bolso da sociedade.

“Um quilo de arroz alimenta, aproximadamente, dez pessoas. Se custava R$ 2,00 o quilo, custaria R$ 0,20 por pessoa. É muito barato uma refeição com esse alimento. Hoje, nós imaginamos que o preço do arroz vá se estabilizar em um patamar entre R$ 5,00 e R$ 7,00s que, ao nosso ver, ainda é atrativo para a média da população brasileira. Ou seja, um prato de arroz vai custar na mesa do brasileiro em torno de R$ 0,50”, pontuou.

Há pouco mais de uma semana, o governo federal anunciou que vai liberar a importação de 400 toneladas de países que não integram o Mercosul, sem a incidência da Taxa Externa Comum (TEC). Elton Doeler avalia que a medida é positiva, já que aumenta a oferta dentro do Brasil.

“Na verdade, mais do que o volume ofertado, é uma sinalização do governo de que ele usará todas as armas que tiver para conter, ou pelo menos estabilizar novos aumentos de preço. Isso, ao nosso ver, foi muito acertado. Já está acontecendo. A indústria começou a receber novas ofertas de abastecimento e entendemos que isso tende a normalizar nesse nível de preço que eu mencionei, entre R$ 5,00 e R$ 7,00”, pontuou.

Doeler afirmou, ainda, que o aumento do preço do arroz, em agosto, chegou a 30%. Questionado sobre quando o brasileiro vai voltar a perceber um preço menor do produto nas prateleiras, a resposta foi de que isso não deve ocorrer antes de março de 2021.

“Depois da chegada da próxima safra, o mercado, por si só, encontrará um novo patamar que pode ser um pouco menor do que isso, não muito. É óbvio que continuaremos tendo exportação do produto, pela qualidade que tem a cadeia do arroz brasileiro, mas deveremos ter algum recuo por meados de março do ano que vem, não antes disso, porque a pouca oferta é uma escassez momentânea”, projetou.

De acordo com dados divulgados pela Abiarroz, o Brasil é o maior produtor e consumidor fora da Ásia. O suprimento anual chega, em média, a 15 milhões de toneladas do grão em casca para atender ao consumo de 12,14 milhões de toneladas. Além disso, cerca de 40 mil produtores cultivam aproximadamente 2,4 milhões de hectares por ano, em 500 municípios brasileiros.

Clique aqui para assistir a entrevista.



Fonte: Espaço PB com Brasil 61 (Marquezan Araújo) – Foto: Brasil Modal – contato@espacopb.com.br

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