Pichações pregam violência e morte a jornalistas: “Mate um por dia”; na Paraíba, dono de tevê aconselha “apedrejamento” dos profissionais

Publicado em: 15/05/2020 às 02:36
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A escalada de violência contra profissionais da imprensa e à democracia ganhou um novo capítulo nessa quinta-feira (14). Ameaças de morte direcionadas a jornalistas foram pichadas em um tapume na esquina das Avenidas Alfredo Balena e Francisco Sales, na região hospitalar de Belo Horizonte, em Minas Gerais. “Jornalista bom é morto” e “mate um jornalista por dia” são alguns dos dizeres.

Na Paraíba, no mesmo dia, o empresário bolsonarista, ex-senador pelo MDB e proprietário do Sistema Correio de Comunicação (que inclui a TV Correio, afiliada da TV Record do bispo Edir Macedo), Roberto Cavalcanti, utilizou as ondas de uma de suas emissoras de rádio em João Pessoa para atacar a imprensa por divulgar o número de mortos pela covid-19 no país, defendendo o relaxamento do isolamento social.

No seu ataque, Roberto Cavalcanti, que também é dono de empresas que comercializam veículos da Honda, disse que “jornalistas e radialistas deveriam ser apedrejados na rua”. Profissionais da área, sindicatos, associações e entidades de defesa dos direitos humanos e da democracia repudiaram o posicionamento do empresário bolsonarista nas redes sociais e por meio de notas oficiais.

Em Belo Horizonte, ainda na manhã da quinta, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Alessandra Mello, se deslocou até o local das pichações para registrar as ameaças e fazer um boletim de ocorrência.

Segundo a presidente, a ação criminosa faz parte de uma onda de ódio que tem ganhado força no país. “Isso é um completo absurdo. É o reflexo do que estamos vivendo na sociedade, uma escalada de violência contra jornalistas estimulada pelo presidente e seus seguidores, que atacam profissionais e descredibiliza a imprensa. Se continuar assim, uma hora, alguma coisa grave vai acabar acontecendo”, afirma Alessandra.

Pelas redes sociais, integrantes do sindicato disseram que vão denunciar o crime e grafitar uma arte no local como resposta aos ataques. Procurada, a Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte disse que ainda não havia sido acionada para a ocorrência. No entanto, via assessoria de comunicação, o órgão repudiou a ação.

“Manifestamos toda a solidariedade aos jornalistas de Minas. Informamos que há algum tempo, quando começaram a surgir ameaça contra jornalistas em nossos briefings diários, nós orientamos nossos agentes para ter um cuidado especial com profissionais de imprensa para evitar ameaças e agressões. Quanto à pichação, vamos entrar em contato com a Polícia Civil e tentar identificar imagens para identificar os autores das ameaças. Manifestamos, como instituição, total apoio à imprensa e aos profissionais”, disse a assessoria da Guarda.

Quem também repudiou a ação foi o porta-voz da Polícia Militar de Minas Gerais, major-PM Flávio Santiago, que disse que a corporação estará empenhada em prender os autores das ameaças. “Repudiamos qualquer tipo de pichação, bem como ameaças à democracia e a quaisquer profissões que desempenham suas funções com ética e responsabilidade. Estaremos atentos para efetuar as prisões de quem estejam cometendo esses crimes”, afirmou.

A Polícia Civil de Minas Gerais) também repudiou os ataques e reforçou a necessidade de denunciar o caso. “A PCMG recebeu as imagens das pichações e informa que repudia toda e qualquer forma de ameaça contra a pessoa e contra a democracia. Ameaçar jornalistas é atentar contra a democracia. A PCMG esclarece que atua constantemente no combate à pichação”, disse a corporação.

O Sindicato dos Jornalistas mineiro lembra que ataques aos jornalistas e profissionais da imprensa têm se tornado cada vez mais comuns, vindos de pessoas que interrompem reportagens, gritam e agridem repórteres, até mesmo do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), que já chegou a desferir ofensas e mandar jornalistas calarem a boca.



Fonte: Espaço PB – Redação: contato@espacopb.com.br

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