Munição comprada com dinheiro público é usada em ação criminosa na Paraíba

Publicado em: 23/05/2021 às 09:25
Foto

Munição comprada por forças de segurança foi utilizada em pelo menos 23 ações criminosas que, entre 2010 e o ano passado, resultaram na morte de 82 pessoas em oito estados do país, inclusive na Paraíba, onde, em 2018, “balas” adquiridas com dinheiro público foram utilizadas no roubo a uma agência dos Correios e a um banco, no município de Serra Branca.

Um levantamento feito pelo jornal Extra em parceria com o Instituto Sou da Paz identificou o uso de 145 lotes de cartuchos adquiridos por polícias ou pelas Forças Armadas nas ocorrências, que incluem sete chacinas.

No Rio de Janeiro (RJ), munição adquirida com dinheiro público foi encontrada em sete crimes que deixaram um saldo de 15 homicídios. Além disso, boa parte foi apreendida em quatro grandes operações que estouraram arsenais do tráfico e da milícia.

Na madrugada do dia 1º de outubro de 2018, uma agência bancária e uma agência dos Correios foram explodidas na cidade de Serra Branca, na Região do Cariri paraibano. Os autores da ação criminosa chegaram na cidade por volta das 2h30 atirando várias vezes. Primeiro, eles invadiram a agência bancária e explodiram o cofre do local. Logo depois, o grupo detonou o cofre da agência dos Correios.

Além do caso na Paraíba, entre os casos identificados no levantamento estão os assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, da juíza Patrícia Acioli e de um soldado-PM morto pela milícia com munição comprada pela Polícia Militar. Em abril de 2020, o soldado Luiz Carlos de Almeida da Silva Júnior foi assassinado durante um tiroteio entre paramilitares que disputavam o controle de bairros de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

A pesquisa teve como base informações que integram processos judiciais e inquéritos policiais sobre cartuchos coletados em cenas de crimes ou apreendidos com bandidos. Em 15 casos nos quais foi constatado o uso de munição comprada com dinheiro público, investigações concluíram que houve a participação de grupos de extermínio ou milícias.

Cartuchos de 13 lotes identificados no levantamento foram utilizados em mais de um crime. Balas de nove deles deixaram um rastro de sangue em pelo menos dois estados. O lote identificado em mais ocorrências é o UZZ18, comprado pela Polícia Federal em 2006. Projéteis que o integravam foram usados no assassinato de Marielle e Anderson; numa guerra entre traficantes em São Gonçalo; no roubo às agências ocorrido na Paraíba; e em duas chacinas com participação de policiais militares na Região Metropolitana de São Paulo.

Clique aqui para ler na íntegra a matéria original do Extra.



Fonte: Espaço PB com jornal Extra (Rafael Soares) – Foto: Poder360 – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

Comentários: