Memorial da Democracia da FCJA realiza a ‘Caminhada do Silêncio’ na capital

Publicado em: 28/03/2024 às 10:25
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Organizada pelo Memorial da Democracia da Paraíba, da Fundação Casa de José Américo (FCJA), e pelo Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, acontecerá pela primeira vez em João Pessoa, na próxima segunda-feira (1º), a ‘Caminhada do Silêncio – Ditadura Nunca Mais!’, para denunciar os horrores da ditadura civil-militar implantada no Brasil em 1964, ocorrida a 60 anos.

A manifestação terá concentração a partir das 15h, em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil na Paraíba (OAB-PB), à Rua Rodrigues de Aquino, 37, no Centro da capital paraibana. A caminhada está prevista para ter início às 16h, percorrendo pontos simbólicos da cidade de João Pessoa, com destino final na Lagoa do Parque Solon de Lucena, também no Centro da capital.

O ato político-cultural em memória das vítimas da ditadura, que perdurou por 21 anos no país a partir de 1964, será uma manifestação silenciosa na busca por medidas de reparação do estado brasileiro às vítimas do regime instalado na década de 1960 e que chegou à primeira metade da década de 1980.

“Vamos sair às ruas em silêncio, serenos e eloquentes contra a impunidade dos crimes cometidos pelo estado brasileiro”, explica a socióloga Fernanda Rocha, uma das coordenadoras do Memorial da Democracia da FCJA. “Vamos exigir que o estado brasileiro cumpra o dever de reparação e faça um pedido público de perdão às vítimas e às famílias dos mortos e desaparecidos políticos”, completa a historiadora Suelen Andrade, outra coordenadora do Memorial.

Fernanda Rocha, a exemplo de outras dezenas de famílias paraibanas, é parente de uma vítima política do regime militar implantado no Brasil após o golpe de estado, que destituiu do poder o ex-presidente João Goulart, que acabou morrendo no exílio. “Ezequias Bezerra da Rocha era meu tio, um dos paraibanos vítimas da ditadura. Ele foi assassinado em Recife, em 1972”. E seu corpo continua desaparecido até hoje.

Durante a ‘Caminhada do Silêncio’ será reivindicada a reinstalação da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos, cujos trabalhos foram encerrados no final do governo Jair Bolsonaro (PL). A comissão é vista como um instrumento essencial para a continuidade das investigações e a identificação dos corpos dos desaparecidos.

Na concentração do ato, haverá música, atração cultural com o Pife Parahyba, algumas falas de familiares dos mortos e desaparecidos políticos e de representações das instituições que estão apoiando o ato. Já a caminhada será silenciosa, com exibição de cartazes e fotos dos desaparecidos. A ‘Caminhada do Silêncio’ integra uma programação nacional em memória aos 60 anos da ditadura de 1964.

Aberto ao público, o evento, visando garantir que a história da ditadura não caia no esquecimento, reforçando o compromisso com a democracia e a justiça no Brasil, tem o apoio da Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça e Reparação, da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana, do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, da Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas (Apes), do Movimento do Espírito Lilás (MEL), da Central Única dos Trabalhadores na Paraíba (CUT-PB), do Café Cultura Santa Luzia (PB) e da Fundação Margarida Maria Alves.

E ainda estão no apoio os seguintes sindicatos e partidos políticos: Aduf-PB, Sindifisco-PB, Sintef-PB, Sintep-PB, Sindicato dos Bancários da Paraíba, Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PcdoB) e Unidade Popular (UP).

 

Acervo de documentos

Marcando os 60 anos da ditadura militar no Brasil, na manhã da segunda-feira (1º), às 9h, no Auditório do Centro de Educação (CE), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), haverá a entrega de acervo de documentos originais da ditadura militar na Paraíba para o Memorial da Democracia da Fundação Casa José Américo.

Nesse evento da manhã que antecede a ‘Caminhada do Silêncio’, a professora Lúcia Guerra, gerente executiva de Documentação e Arquivo da FCJA, informa que ocorrerá um seminário com o professor Afonso Scocuglia, sobre a relevância da historiografia para a compreensão da atualidade brasileira.



Fonte: Espaço PB com Secom-PB – Imagem: Reprodução – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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