Literatura de cordel é destaque no lançamento de livros em Araçagi

Publicado em: 18/05/2022 às 05:55
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Acontece nesta quarta-feira (18), em Araçagi, município a 83 quilômetros de distância da capital paraibana, um lançamento triplo de livros de escritores daquela região. Marcado para as 19h, no Balneário Paraíso do Sol, o destaque é para a literatura de cordel e as obras ‘A princesa encantada do reino de Araçagi’ e ‘A história de Dona Vinte’, da escritora Silvinha França (na foto), integrante da Academia Guarabirense de Letras e Artes (Agla).

O evento vai contar também com os lançamentos do cordel ‘A primeira vez do matuto em um motel’, do poeta Thiago Souza, e o conto ‘Aysú e Nausú (entre amor e guerras nas margens do Rio Araçaí)’, de Álef Mendes.

A obra ilustrada ‘A princesa encantada do reino de Araçagi’ (Editora Delicatta, 40 páginas, R$ 30,00) é considerada como uma leitura de paradidático, indicada principalmente para estudantes entre 7 e 15 anos de idade, e reúne lendas que giram em torno de um sítio arqueológico.

Contado em 56 estrofes em septilha, o cordel procura divulgar o patrimônio situado na Lagoa do Caju. As lendas tratam de uma moça que sempre aparecia em um lajedo durante o entardecer, mas quando os moradores tentavam acompanhá-la, ela desaparecia misteriosamente. Isso seguia acontecendo até que o senhor Pedro Cadete decidiu adentrar no matagal e descobrir uma série de inscrições rupestres.

É nessa narrativa que Silvinha insere a figura de um arqueólogo, que vai desmistificar as crendices populares e explicar como aquelas figuras foram parar nas paredes de pedra. O cientista, porém, vai tomar um susto quando ele mesmo se depara com a moça que assombrava a comunidade.

Sem os conhecimentos em Arqueologia, a autora afirma não conseguiria criar a história que se inspira nos acontecimentos pré-históricos e também em teorias da ufologia, que ela relaciona com o saber empírico que se repassa através da oralidade de geração em geração.

“A população acredita na hipótese que ali nada mais é que um reino encantado, mas o conhecimento arqueológico vem reforçar a importância desse patrimônio e que o povoamento do homem em nosso território é muito mais antigo do que a gente imagina”, afirma a poetisa Silvinha França.

Formada em Geografia, essa lenda já havia sido objeto de estudo da escritora, que desenvolveu uma pesquisa que propunha uma forma de educação ambiental para o sítio arqueológico. “Posteriormente, eu fiz o meu primeiro cordel para que a comunidade local tomasse conhecimento desse patrimônio e passasse a valorizar esse sítio arqueológico, porque não se pode preservar aquilo que não se conhece”.

A literatura de cordel é uma inspiração para Silvinha, que aprendeu a ler através dos versos dos escritores populares, a exemplo dos paraibanos José Camelo de Melo Rezende e Leandro Gomes de Barros. Apesar desse histórico de relação com o cordel, foi apenas depois de defender sua monografia que a escritora foi desafiada pelo professor e fundador da Sociedade Paraibana de Arqueologia, Vanderley de Brito, que ela passou a investir em sua veia literária.

“Como eu gosto de desafios, voltei a ter contato com o cordel. Foi por causa disso que me descobriram cordelista”, diz Silvinha, que começou publicando ‘A princesa encantada da Lagoa do Caju’”, lembra ela. Em João Pessoa, a obra pode ser adquirida na Livraria do Luiz, ou através das redes sociais da escritora (@silvinhafranca.franca).

Natural de Guarabira, Silvinha vai lançar ainda na noite desta quarta-feira ‘A história da Dona Vinte’. “É um livro com base nessas histórias que nós escutávamos de nossas avós e mães e eu as recriei em formato de cordel”, resume a autora. Ela é especialista em Ciências Ambientais e pesquisadora da pré-história na região do Agreste paraibano. Além disso, Silvinha também é ativista cultural e organizadora dos movimentos ‘AraçaCultura’ e ‘Cordel das Rosas’.

Ela já publicou obras individuais em cordel como ‘Um autista em minha vida’, ‘Sivuca – o poeta dos sons’, ‘Celso Furtado – homenagem ao seu centenário’, ‘Um cordel para Clarice’ e ‘São João do passado ao presente’.



Fonte: Espaço PB com jornal A União (Joel Cavalcanti) – Foto: Divulgação – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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