Juízes do Sertão da Paraíba realizam ações no campo social e dão exemplo de cidadania aos moradores da região

Publicado em: 17/04/2021 às 22:15
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Baseados na filosofia de que uma boa ação pode partir de qualquer pessoa e não obrigatoriamente apenas das autoridades e órgãos diretamente responsáveis, magistrados paraibanos que atuam no Sertão partiram para iniciativas que têm surtido efeitos bastante positivos e que têm conseguido o aplauso e o reconhecimento de muita gente naquela região.

Uma dessas iniciativas partiu dos juízes Hermeson Alves Nogueira (do Juizado Especial Misto da Comarca de Cajazeiras) e Kleyber Thiago Trovão Eulálio (da 1ª Vara da Comarca de São João do Rio do Peixe), que fizeram a doação para hospitais da região de onze capacetes respiradores tipo elmo, para serem utilizados no atendimento a pacientes com covid-19.

Em outro ponto do Sertão, mais precisamente na Comarca de Itaporanga, o juiz Antônio Eugênio Leite Ferreira Neto aguarda somente melhores dias da pandemia para ampliar a vacinação e incluir também o trabalho de castração de animais de rua (gatos e cachorros), tudo isso, claro, como continuação do projeto ‘Alimentando os Pets’, que ele lançou e coordena com apoio do Corpo de Bombeiros, do Centro de Zoonoses do Município e de funcionários do Fórum.

Amor aos animais: projeto alimenta, castra e vacina contra a raiva

Há mais de um ano, dezenas de animais de rua (cães e gatos) são alimentados diariamente e parte deles já foi vacinada graças ao projeto ‘Alimentando os Pets’, que foi idealizado e que é desenvolvido em Itaporanga pelo juiz da Comarca, Antônio Eugênio Leite Ferreira Neto.

“Com a ajuda do Corpo de Bombeiros e de alguns veterinários, já estávamos partindo também para um trabalho de castração, mas em face do agravamento da pandemia do novo coronavírus, infelizmente precisamos adiar”, afirma o magistrado, ao explicar que sua iniciativa foi inspirada no trabalho de um grupo de jovens que conheceu na vizinha cidade sertaneja de Conceição.

Segundo ele, o trabalho desses jovens contava com bem menos apoios e era bem mais simples, mas de uma demonstração de amor e respeito pelos animais que era de chamar a atenção. “Eles pediam ajuda para comprar rações e, por perto das casas deles, distribuíam diariamente para os animais”, lembra.

Antônio Eugênio Leite Ferreira Neto contou que, nos dias seguintes, já foi articulando ideias e que, envolvendo inicialmente apenas servidores do Judiciário, já foi possível comprar recipientes e estabelecer um local atrás do prédio do Fórum, onde os animais passaram a chegar todos os dias para se alimentar.

O envolvimento e as ações, segundo ele, não tardaram a se expandir, sobretudo, a partir do momento em que passou a contar com o apoio também do Corpo de Bombeiros e do Centro de Zoonoses do Município. Com a integração de veterinários, além de alimentados, os animais passaram a ser examinados, vacinados e a receberem tratamentos contra carrapatos outras doenças.

Perguntado sobre resultados da iniciativa, o magistrado comentou que, “muito mais do que simplesmente alimentar e tratar, a ação contribui demais para que outras pessoas que são indiferentes também passem a tratar os animais com mais respeito e com mais dedicação”.

“Acredito que não nos custa nada fazer uma boa ação”, frisou o juiz Antônio Eugênio, ao salientar que, com o passar dos dias, todos os servidores do Judiciário local foram se envolvendo no projeto, e que o mesmo foi se dando também com outras pessoas das proximidades e da cidade.

Além do poder público, ele acha que setores da iniciativa privada também deveriam ajudar ações como essas de proteção aos animais de rua. E que, no seu caso, a integração do Centro de Zoonoses e do Corpo de Bombeiros foi de fundamental importância para dar bons resultados.

“Quero ver se conseguimos despertar nas pessoas a vontade delas mesmas criarem organizações e fundações para proteger os animais”, aponta Antônio Eugênio, ao revelar que tudo começou pela iniciativa apenas de alimentar, mas que com o tempo foi evoluindo para cuidados relacionados à vacinação, medicação e testes para diagnosticar doenças, como o calazar.

Ele informou que, a partir da realização desses testes e com apoio do Centro de Zoonoses, os animais que estiverem doentes são recolhidos pelos veterinários e que os demais recebem vacina contra a raiva e continuam sendo assistidos apenas com alimentação.

Equipamentos ajudam pacientes com covid-19

Os capacetes respiradores tipo elmo doados pelo Juizado Especial Misto de Cajazeiras e pela 1ª Vara de São João do Rio do Peixe têm kit completo de dez itens periféricos e ajudaram muito no trabalho de atendimento aos pacientes com covid-19 na região.

Cinco desses equipamentos foram destinados ao Hospital Regional de Cajazeiras; três para o Hospital Municipal João Dantas Rothéia, de São João do Rio do Peixe; e mais três para o Centro de Referência Contra a Covid-19 de Uiraúna. Os recursos para a aquisição dos capacetes são oriundos das prestações pecuniárias das transações penais. Os capacetes podem oferecer uma redução de 60% da necessidade de intubação e internação em UTIs em casos mais graves do vírus.

Conforme os magistrados Hermeson Alves Nogueira e Kleyber Thiago Trovão Eulálio, o cenário atual da pandemia requer a união de todos os segmentos da sociedade civil, Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, para a adoção de ações concretas de enfrentamento à covid-19.

“Nós estamos aqui para contribuir com o que for possível e estiver ao nosso alcance. Muito importante unirmos forças para atravessarmos esse momento difícil”, comenta o juiz Hermeson Alves. “É o retorno da pena em benefício da sociedade”, completa o juiz Kleyber Thiago, ao salientar que “tudo isso só foi possível também graças ao empenho de todos os servidores das duas comarcas, que diariamente movem esforços na prestação jurisdicional e agora contribuem, também, na esfera da saúde”.

Como funciona o elmo? Acomodado ao pescoço do paciente, o equipamento permite oferecer oxigênio a uma pressão definida ao redor da face, sem necessidade de intubação. Dessa forma, a pessoa consegue respirar com auxílio da pressurização e oferta de oxigênio. O sistema possibilita, portanto, a melhora na respiração e pode ser utilizado fora de leitos da UTI.

O equipamento pode ser desinfectado e reutilizado e outro benefício é o custo inferior em relação aos respiradores mecânicos e maior segurança para os profissionais de saúde, já que, por ser vedado, não permite a proliferação de partículas de vírus.



Fonte: Espaço PB com jornal A União (Ademilson José) – Foto: Divulgação – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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