Indígena paraibana exibe cultura potiguar nas Paralimpíadas Escolares

Publicado em: 26/11/2021 às 22:10
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Era manhã na cidade de São Paulo quando foram iniciadas, na última quarta-feira (24), as disputas das Paralimpíadas Escolares 2021, no Centro de Treinamento Paralímpico. E a paraibana Alane Ellen Medeiras (na foto à direita) chamava a atenção do público ao competir com a pele estampada com imagens alusivas à cultura e representatividade do seu povo. Ela é indígena, de uma das tribos de Baía da Traição, no litoral norte paraibano.

E não foi somente Alane que marcou as provas do atletismo. Além dela, também houve a participação de, pelo menos, outra atleta de origem indígena, da Região Norte do país. Ao todo, o evento em São Paulo contou com 902 atletas, de 25 unidades da federação, em 13 modalidades, e seguiu até esta sexta-feira (26).

Os 100m das classes T35-T37 da categoria sub-18 contaram com a participação da amazonense Geovana Campos Souza e da paraibana Alane Medeiras. E elas representaram muito além dos seus estados de nascimento, mas também as tribos das quais vieram.

A paraibana Alane resolveu levar para a pista de atletismo em São Paulo a representatividade dos povos potiguaras estampada na pele para as provas no CT Paralímpico. Ela é do município de Baía da Traição, distante a 80 quilômetros da capital, João Pessoa. O território da cidade de Alane encontra-se 90% em reservas indígenas potiguaras.

A atleta paraibana pintou nos braços, com uma tinta feita com materiais naturais, uma folha de Jurema (que significa sabedoria e contato com seres do mundo espiritual), uma colmeia de abelhas (que representa a coletividade), e na perna um amuleto de proteção e sorte, chamado “apanhador de sonhos”.

“Resolvi me pintar para trazer um pouco do povo potiguar para São Paulo, apresentar um pouco da nossa cultura para o resto do Brasil, já que aqui tem atletas de todos os cantos do país. Ainda não encontrei outro atleta que tenha feito pinturas”, explicou ela no dia da prova, que tem paralisia cerebral, que afeta a coordenação motora dos membros.

Essa foi a primeira participação de Alane no maior evento paralímpico do mundo para jovens em idade escolar. “É sensacional estar aqui. Estou muito feliz”, completou a atleta que ainda iria fazer a prova de salto em distância.

Já Geovana, também de 16 anos e participante das Paralimpíadas Escolares desde 2017, tem ascendência da tribo Kokama, localizada no alto do Rio Solimões. Ela disse que estava muito feliz em retornar ao evento na capital paulista, para jovens com deficiência em idade escolar de 12 a 17 anos.

“É muito gratificante poder participar novamente. É sempre uma experiência muito boa, estou muito feliz!”, afirmou a atleta que tem paralisia cerebral, que afeta os movimentos dos membros inferiores.

Ela vive com a mãe e o padrasto fora dos limites da aldeia da tribo, no município de Itacoatiara, a 270 quilômetros de carro da capital Manaus, mas conta que sua tia é a cacique do grupo indígena. “Está no sangue, toda a minha família é da Kokama. Em Vila do Novo Remanso, onde eu moro, tem poucas casas e são bem afastadas umas das outras, é uma área rural. Eu ajudo a fazer farinha de mandioca lá”, relatou a jovem, que treina cerca de três vezes na semana para competir. Na Paralimpíadas Escolar deste ano, ela ainda fez os 400m e o lançamento de dardo.

Ao todo, 13 modalidades foram disputadas na Paralimpíadas Escolares: atletismo, basquete em cadeira de rodas (formato 3x3), bocha, futebol de 5 (para cegos), futebol de 7 (para paralisados cerebrais), goalball, judô, natação, parabadminton, parataekwondo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e vôlei sentado.



Fonte: Espaço PB – Jorge Rezende com Olimpíada Todo Dia – Foto: Ale Cabral-CPB – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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