Filme paraibano sobre “cura gay” concorre em festival internacional de cinema em direitos humanos

Publicado em: 11/01/2021 às 04:40
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O curta-metragem paraibano ‘Cura-me’, escrito e dirigido por Eduardo Varandas, procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) na Paraíba, está concorrendo ao prêmio de melhor no filme no ‘Human Rights Film Festival Brazil’. O filme foi lançando no ‘15º Fest Araruda’ e ganhou os prêmios de melhor roteiro (do próprio Varandas) e melhor atriz (Ingrid Trigueiro).

O ‘Human Rights Film Festival Brazil’ tem o apoio da ONU, Unesco, Save the Children e Uunaids e visa a premiar e divulgar produções audiovisuais que colaborem na luta pela proteção dos direitos humanos. Na edição deste ano, entre outros países, concorrem filmes da Alemanha, Dinamarca, Irã, Turquia, Canadá, Grécia, Filipinas, Gana e Afeganistão. Além do paraibano ‘Cura-me’, participa também outro filme brasileiro: ‘Jadzia’, estrelado pela atriz global Laura Cardoso.

Produzido pela Castanhola Filmes, a obra ‘Cura-me’ não contou com patrocínio público ou privado. “Preferimos fazer o que se chama de cinema guerrilha, reunimos uma boa equipe com vontade de fazer arte pela arte, e fomos em frente”, pontuou Varandas.

A história do filme, baseada em três casos reais, conta os percalços do jovem e atormentado Mateus (Micaell Wouglle) que busca a psicóloga religiosa Heleonora (Ingrid Trigueiro) para a suposta cura de sua homossexualidade.

“A temática do curta é bem atual, haja vista que, ainda em 2017, fora concedida liminar, pela Justiça Federal, permitindo que psicólogos aplicassem terapias de redefinição sexual, proibidas pelo Conselho Federal de Psicologia. Mesmo cassada a decisão, temos ciência de utilização dessas técnicas por alguns profissionais que sobrepõem a sua religião sobre a ciência e causam grandes danos psíquicos aos pacientes, inclusive o suicídio”, justificou o diretor.

Desde 2016, o Grupo Gay da Bahia (GGB) inclui o suicídio (tema abordado pelo filme) em seu levantamento de mortes de LGBTs. Naquele ano, foram 26 registros, contra 100 casos em 2018, um aumento de 284% no período.

Segundo dados do Ministério da Saúde, o suicídio é a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil (a faixa etária do personagem do filme). O público LGBT tem seis vezes mais chance de cometer o ato, de acordo com a revista científica norte-americana Pediatrics. Ainda para a publicação, o risco de suicídio é 21,5% maior quando LGBTs convivem em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero.

A causa desses altos índices decorre, dentre outros fatores, da autorrejeição, da dificuldade de integração social e de outros traumas sofridos e, nesse ponto, o filme pontua a gravidade das terapias de cura de homossexualidade através de métodos cruéis.

O filme, traduzido em inglês para ‘Heal me’, pode ser assistido gratuitamente e votado no site do festival (clique aqui).



Fonte: Espaço PB – Foto: Divulgação – contato@espacopb.com.br

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