Estudo revela que bilhões de animais mortos para o consumo são jogados no lixo

Publicado em: 06/01/2024 às 12:35
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Perus são o segundo animal mais desperdiçado depois da galinha, seguido por por porcos, ovelhas, cabras e vacas

Um estudo recente da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, revelou que anualmente cerca de 18 bilhões de animais sacrificados para consumo humano são desperdiçados. O que torna ainda mais cruel a matança de animais para o consumo humano. Este desperdício representa aproximadamente um terço de toda a produção alimentar global, ocorrendo em diversas etapas, desde a produção até o consumo por domicílios e varejistas.

Laura Scherer, professora assistente de Ciências Ambientais e uma das autoras do estudo, destacou que o número alarmante de vidas animais perdidas não é surpreendente, dado o grande volume de animais envolvidos na produção de carne. Jessica Sinclair Taylor, diretora de campanhas da organização de sustentabilidade alimentar “Feedback”, ressaltou que o desperdício é endêmico no sistema alimentar corporativo e industrializado, especialmente evidente nas indústrias de carne e laticínios.

Entre os animais considerados na pesquisa, as galinhas são as mais prejudicadas, 16,8 bilhões delas são mortas e jogadas no lixo. A maioria das galinhas, aproximadamente 70 bilhões mortas anualmente para alimentação, passa suas vidas em condições precárias em fazendas industriais.

O estudo também revela que a China é líder global em desperdício, contribuindo com 16% das mortes de animais sem propósito, seguida pelos Estados Unidos com 13%. Os animais não devem ser reproduzidos e mortos para qualquer forma de exploração humana No entanto, há diferenças acentuadas na quantidade de animais que o cidadão médio de cada país desperdiça. Na China, são 1,9 vidas animais por pessoa. Nos Estados Unidos são impressionantes 7,10 animais.

Além das consequências éticas, o impacto ambiental do desperdício de carne é notável. A carne bovina desperdiçada, por exemplo, exige 100 vezes mais terra para produzir um grama de proteína em comparação com alimentos à base de plantas, como ervilhas ou tofu. Globalmente, o desperdício de alimentos representa 10% das emissões de gases de efeito estufa, sendo que produtos de origem animal contribuem com 78% dessas emissões na fase de produção.

O estudo destaca que, mesmo sem reduzir o consumo total de carne, a diminuição do desperdício ao longo da cadeia de suprimentos poderia salvar bilhões de vidas animais. Caso as reduções fossem implementadas em conformidade com as metas de Desenvolvimento Sustentável da ONU sobre Perda e Desperdício de Alimentos, estima-se que 4,2 bilhões de animais poderiam ser poupados.

O consumo de carne desempenha um papel significativo na perpetuação da fome global. A produção intensiva de alimentos para animais destinados ao abate requer vastas extensões de terra, enormes quantidades de água e grãos que poderiam ser direcionados diretamente para alimentar seres humanos. Essa prática agrícola ineficiente contribui para a escassez de recursos alimentares, resultando em preços mais elevados e menor acessibilidade a alimentos básicos.

Portanto, repensar e abolir o consumo de carne emerge não apenas como uma necessidade ambiental, mas também como uma medida crucial para abordar a crise mundial da fome.

Os autores do estudo enfatizam ainda a importância de visualizar os animais por trás do desperdício de carne como uma estratégia para sensibilizar e reduzir o desperdício. A mudança para uma dieta baseada em plantas é apontada como uma solução mais abrangente para resolver não apenas o desperdício, mas também os impactos ambientais e éticos associados à indústria de carne.



Fonte: espaçopb@gmail.com com Anda - Júlia Zanluchi - Foto: Ilustração | Freepik

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