Entidades pelos direitos animais mobilizam redes sociais contra vaquejada e rodeios

Publicado em: 17/05/2021 às 19:55 - Atualizado em: 17/05/2021 às 19:58
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Mais de 200 entidades de defesa dos direitos animais e comissões de proteção animal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), tentam impedir a votação de dois projetos de lei na Comissão de Esportes da Câmara dos Deputados. Na pauta desta terça-feira (18), os Projetos de Lei 2.452 e 7.624 provocaram reações nas redes sociais e mobilizam os ativistas em todo o país.

Em vídeo produzido coletivamente, as entidades conclamam: “Não vamos levar o sangue e a tortura para o esporte”. Clique aqui para assistir ao vídeo. “Em pleno século XXI não podemos permitir que sofrimento, dor e crueldade sejam confundidos com esporte”, afirmou Vânia Nunes, diretora-técnica do Fórum Animal, que congrega mais de 180 entidades pelos direitos animais.

Com mais de 130 mil assinaturas, uma petição criada pelo Grupo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (Gedai), da Universidade de Brasília (UnB), mostra que a sociedade está evoluindo para abolir práticas cruéis contra animais, mesmo aquelas que antigamente eram vistas como cultura ou esporte. O documento pode ser visto clicando aqui.

Segundo a professora Vanessa Negrini, coordenadora do Gedai-UnB, “determinadas práticas ditas culturais e esportivas, podem e devem ser abolidas, em virtude de concepções atualizadas de direitos”. Ademais, a pesquisadora sustenta que “a crueldade intrínseca a determinada atividade não desaparece pela mera rotulagem de manifestação cultural ou prática desportiva”.

Para a secretária adjunta da Comissão Nacional da OAB de Proteção e Defesa Animal, a advogada Ana Paula de Vasconcelos, tortura não é cultura ou esporte. “Prova do laço, vaquejada, prova do tambor, rodeio ou qualquer outra prática que envolva o sofrimento e a exploração animal para entretenimento humano é algo imoral e inconstitucional”. Ela é a patrona da Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.728, que pede que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirme que práticas envolvendo crueldade contra animais sejam declaradas inconstitucionais.

O deputado federal Célio Studart (PV-CE) é uma das vozes da resistência contra os Projetos 2.452 e 7.624 na Câmara dos Deputados. “No que depender de mim, vaquejada não vai ser considerada esporte e não vai tirar um centavo do que é esporte de verdade! Vaquejada é maus-tratos! Tem esporte de verdade que precisa de incentivo, apoio, ajuda! Vaquejada não!”, comenta Studart.

“Se coloque no lugar do boi, da vaca, do bezerro, que nessa tortura acaba tendo seu rabo arrancado, a pata quebrada. Temos que lutar contra os maus-tratos aos animais”, defendeu o deputado federal Nilto Tatto (PT-SP). Na mesma linha, o deputado federal Ricardo Izar (Progressistas-SP) se posicionou contra os projetos, pois considera que “crueldade não é esporte”.

O deputado federal Fred Costa (Patriota-MG) apresentou na Comissão de Esporte um pedido de adiamento da votação desses projetos e a realização de uma audiência pública para mostrar que vaquejada e rodeio são práticas cruéis que não contam com a aprovação da maioria da população.

O delegado Bruno Lima, que é deputado estadual de São Paulo pelo PSL, falou para seus mais de 1,8 milhão de seguidores que “não podemos aceitar o entretenimento com base no sofrimento dos animais”. Em suas redes sociais, com mais de 429 mil seguidores no Instagram, a atriz Anna Lima também defendeu que “vaquejada não é diversão, é violência; não é esporte, é tortura e é crime; diga não à vaquejada”.

Crueldade intrínseca

Maus tratos intensos a animais são inerentes às vaquejadas, indissociáveis delas, pois, para derrubar o boi, o vaqueiro deve puxá-lo com força pela cauda, após torcê-la com a mão para maior firmeza. Isso provoca luxação das vértebras que a compõem, lesões musculares, ruptura de ligamentos e vasos sanguíneos e até rompimento da conexão entre a cauda e o tronco (a desinserção da cauda, evento não raro em vaquejadas), comprometendo a medula espinhal.

As quedas perseguidas no evento, além de evidente e intensa sensação dolorosa, podem causar traumatismos graves da coluna vertebral dos animais, causadores de patologias variadas, inclusive paralisia, e de outras partes do corpo, a exemplo de fraturas ósseas. Os corcoveios dos animais exibidos em rodeios também resultam em enorme dor, não só pelas esporas que castigam o pescoço e baixo-ventre, mas também pelo “sédem”, artefato amarrado e retesado ao redor do corpo do animal, na região da virilha, tracionado ao máximo no momento em que ele é solto na arena. Não há possibilidade de realizar vaquejada ou rodeios sem maus-tratos e sofrimento profundo dos animais.

Entidades e parlamentares contra a vaquejada e o rodeio

Celio Studart (PV-CE)

Fred Costa (Patriota-MG)

Nilto Tatto (PT-SP)

Ricardo Izar (Progressistas-SP)

Comissão Nacional de Proteção e Defesa dos Animais - OAB/Conselho Federal - Presidente: Reynaldo Velloso

Araraquara/SP - Presidente: Carol Mattos Galvão

Belém/PA - Presidente: Cláudio Bordalo

Campina Grande/PB – Presidente: Anne Formiga

Ceará - Presidente: Lucíola Cabral

Franca/SP - Presidente: Maysa Kaluf

Goiás - Presidente: Pauliane Rodrigues

Marília/SP - Presidente: Giovana Poker

Mogi das Cruzes/SP – Presidente: Ana Carolina Arantes de Souza Faria

Piauí – Presidente (em exercício): Larissa Marques

Praia Grande/SP - Presidente: Daniela Freitas

Ribeirão Preto/SP - Presidente: Fernanda Sica

Rio de Janeiro – Presidente: Reynaldo Velloso

Santa Maria/RS – Presidente: Karen Wolf

São Paulo - Presidente: Maíra Velez

Sergipe - Presidente: Danielle Ferreira

Taguatinga/DF – Presidente: Arthur Regis

Tucuruí/PA - Presidente: Rafael Titan

Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) – Representante: Silvana Andrade

Associação Bichos Gerais – Representante: Helenice Machado Mendes Rutkowski

Associação de Mulheres Protetoras dos Animais Rejeitados e Abandonados (Amapra Animal) – Representante: Juliana Camargo de Oliveira

Associação de Veterinários Veganos e Vegetarianos (VefVets) – Representante: Renato Pulz

Associação Mude - Mudando Destinos - Representante: Marlice Parizzi

Associação Piauiense de Proteção e Amor aos Animais (Apipa) – Representante: Juliana Paz

Associação Protetora dos Animais do DF (ProAnima) – Representante: Mara Moscoso

Banda Herbivoria– Representante: Sérgio Augusto

Brasil Sem Tração Animal – Representante: Fernanda Braga

Federação das Associações, Sociedades Protetoras dos Animais, ONGs e Sindicatos de Profissionais da Proteção Animal do Estado de SP (Faos-SP) – Representante: Alexandre Terrerri

Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal – Representante: Ana Paula de Vasconcelos

Frente de Ações pela Libertação Animal (Fala) – Representante: Bruno Pinheiro

Grupo de Ação, Resgate e Reabilitação Animal (Garra) – Representante: Renata Prieto

Grupo de Estudos sobre Direitos Animais e Interseccionalidades (Gedai) – Representante: Vanessa Negrini

Nação Vegana Brasil – Representante: Kazveg

Observatório de Direitos Animais e Ecológicos (Odae) – Representante: Arthur Regis

Rede de Mobilização pela Causa Animal (Remca) – Representante: Ludmila dos Prazeres Costa

Santuário das Fadas – Representante: Patrícia Fittipaldi

SVB Brasília – Representante: Anna Michaella

SVB Teresina – Representante: Juliana Paz

União Defensora dos Animais-Bicho Feliz – Representante:  Gislane Brandão



Fonte: Espaço PB com Assessoria – Foto: Reprodução – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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