Covid-19 poderá ter “efeito bumerangue” no interior da Paraíba

Publicado em: 05/07/2020 às 00:05
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Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que integram o Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus alertam para a possibilidade de haver “efeito bumerangue” (de ir e voltar) de casos da covid-19 no interior paraibano. Segundo dados dos especialistas, no dia 29 de junho, as cinco cidades com maiores picos de crescimento de casos do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no estado foram Sousa, Patos, Conde, Cajazeiras e Alagoa Grande.

“Os dados revelam que a interiorização da pandemia atingiu todo o estado e múltiplas regiões interioranas. Esse fato indica a possibilidade de que João Pessoa venha a sofrer com o ‘efeito bumerangue’, que teria o potencial de produzir uma enorme sobrecarga do sistema hospitalar da cidade”, revelam os pesquisadores do comitê. Os especialistas recomendam barreiras sanitárias e que um sistema de controle de tráfego de veículos seja instituído nas rodovias que ligam João Pessoa à Campina Grande e ao extremo oeste do Estado.

“A Paraíba poderia também considerar a possibilidade de instituir um fechamento temporário – alguns dias de cada semana – de suas fronteiras com os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, para aliviar o fluxo de novos casos para João Pessoa e outras partes do estado”, sugerem os pesquisadores. Na sexta-feira (3), o governo federal publicou a Lei 14.019/2020, no Diário Oficial da União (DOU), para dispor sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual em espaços públicos e privados acessíveis ao público no Brasil.

Pela lei, órgãos e entidades públicas, estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos e instituições de ensino não ficam obrigados a utilizar a medida de proteção recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O ex-ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende, um dos coordenadores do Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus, disse, em live realizada na sexta-feira, que a lei demonstra descaso com a pandemia da covid-19. Durante a transmissão online, foi divulgado o nono boletim do comitê.

“Desde o começo da pandemia, existem medidas que contrariam o distanciamento social e o uso de máscaras. Temos uma projeção feita, há duas semanas, que se o isolamento fosse de 60%, teríamos cerca de 40 mil mortes a menos no país”, lamentou Rezende. Para os pesquisadores do comitê, é preciso haver “instituição imediata de lockdown (isolamento total) e reversão de planos de afrouxamento do isolamento social em capitais e municípios interioranos que estejam apresentando curvas crescentes”.

O comitê recomenda que as políticas públicas na Paraíba efetivem a criação de brigadas emergenciais de saúde por todo o estado e “impor uma estratégia eficaz para a quebra da taxa de reprodução do coronavírus tanto no interior quanto na capital”. Também reforçam os pesquisadores do comitê que o estado realize o seu primeiro inquérito soro-epidemiológico, com dados que possam “estabelecer a fração da população paraibana que teve contato com o novo coronavírus”.



Fonte: Espaço PB com Ascom-UFPB (Jonas Lucas vieira) – Foto: Reprodução – contato@espacopb.com.br

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