Cenário ruim: PIB do Brasil recua 0,1% no segundo trimestre

Publicado em: 01/09/2021 às 09:45
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O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil recuou 0,1% no segundo trimestre de 2021, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, segundo divulgou nesta quarta-feira (1º) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números mostram que a economia brasileira perdeu fôlego, após avanço de 1,2% nos três primeiros meses do ano e depois de três trimestres de alta.

“Frente ao mesmo trimestre de 2020, o PIB cresceu 12,4%. No primeiro semestre, o PIB acumula alta de 6,4%. No acumulado nos quatro trimestres, terminados em junho de 2021, o PIB cresceu 1,8%”, informou o IBGE. Em valores correntes, o PIB, que é soma dos bens e serviços finais produzidos no país, chegou a R$ 2,1 trilhões.

Apesar do resultado frustrante, o PIB se manteve no patamar do fim de 2019 ao início de 2020, período pré-pandemia, segundo o IBGE, mas agora está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O resultado veio mais fraco que o esperado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de um crescimento no segundo trimestre de 0,2%, na comparação trimestral. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e durante um certo período e serve como uma espécie de termômetro da evolução da atividade e da capacidade de uma economia gerar riqueza e renda.

A maior queda foi da agropecuária (-2,8%), seguida pela indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços cresceram 0,7%, com o setor sendo impulsionado pelo avanço da vacinação contra a covid-19 e reabertura das atividades presenciais.

Pela ótica da despesa, consumo das famílias teve variação zero e os investimentos caíram 3,6%. Já o consumo do governo teve alta de 0,7%. “Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias”, destacou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Apesar do avanço da vacinação contra a covid-19 e do fim das medidas de restrição de horários e público em boa parte do país, a inflação persistente, a tensão política e “riscos fiscais” (sustentabilidade das contas públicas) têm elevado nas últimas semanas o nível de incerteza sobre o ritmo da retomada e provocado revisões para baixo das previsões econômicas.

A expectativa do mercado financeiro para o crescimento da economia em 2021 foi reduzida de 5,27% para 5,22%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Para 2022, a média das projeções está em 2%, mas parte dos analistas já vê um crescimento mais próximo de 1,5%.

Em 2020, no primeiro ano da pandemia, a economia brasileira caiu 4,1%, registrando a maior contração desde o início da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996, o que tirou o Brasil da lista das dez maiores economias do mundo.

Economistas avaliam que o aquecimento do setor de serviços – o que mais emprega no país e com maior peso no PIB – deve ajudar na melhora do mercado de trabalho e garantir que o PIB do terceiro e do quarto trimestre se mantenha no azul, mas alertam para o riscos de novos freios para a recuperação, incluindo a perspectiva de novas elevações na taxa básica de juros (Selic), de agravamento da crise hídrica e piora do ambiente político, em razão das reiteradas ameaças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à ordem democrática.



Fonte: Espaço PB com G1 (Darlan Alvarenga e Daniel Silveira) – Foto: Romero Campos – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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