Alinhamento do novo prefeito com a Câmara de João Pessoa gera expectativas

Publicado em: 29/11/2020 às 05:50
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É bem verdade que ainda há uma pedra no meio do caminho. Uma pedra rígida que é a eleição da próxima mesa diretora da nova legislatura na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), que se inicia a partir do dia 1º de janeiro de 2021. Todavia, um fato é certo: o próximo prefeito de João Pessoa, seja ele Cícero Lucena (Progressistas) ou Nilvan Ferreira (MDB), terá que trabalhar em harmonia extrema com os vereadores para enfrentar os desafios que vêm pela frente em um ano que nasce ainda em plena crise sanitária e econômica.

Numa nova Câmara pessoense, que foi renovada em mais de 40% nas eleições do dia 15 de novembro, o próximo prefeito pessoense terá um trabalho redobrado no que diz, também, nas relações políticas.

“As dificuldades que já podemos prever para a nossa cidade e para todo o país no próximo ano indicam que o novo prefeito e a nova Câmara de João Pessoa precisarão trabalhar juntos”, alerta o atual líder da bancada de situação na Câmara da capital, vereador Milanez Neto (PV), reeleito em quinto lugar no pleito deste ano com 6.238 votos.

Ele explicou que, independente de alarmes, se a situação atual já não é das melhores, com a pandemia do novo coronavírus “estraçalhando o sistema de saúde e a economia”, é lamentável dizer, mas o próximo ano pode ser ainda pior. “Por isso, vai exigir muito mais esforços de todos os setores da sociedade, especialmente no que se refere prefeitos, vereadores e a classe política em geral”, disse.

Ele fez questão de esclarecer que não quer ser entendido como defensor de adesismos, mas que o entendimento e o bom-senso sempre foram, e sempre serão, fundamentais para enfrentar situações de dificuldades. “Eu não sei se o próximo prefeito terá maioria, com quantos vereadores ele deverá contar, não é bem isso. Eu me refiro à necessidade que todos terão de unir forças para enfrentar as dificuldades que certamente virão”, previu.

Fazendo uso de outras palavras, é nesse mesmo tom que reagem outros vereadores eleitos e reeleitos no último dia 15 em João Pessoa, a exemplo do atual presidente da Casa, vereador João Corujinha (Progressistas), e parlamentares mais experientes, como Luiz Flávio (PSDB), Damásio Franca Neto (Progressistas), Bosquinho (PV) e Dinho (PV).

Forças e apoio

A confluência de pensamentos e de postura dos vereadores mais veteranos e que alcançaram a reeleição não acontece à toa. O eleito entre os dois candidatos que estão na disputa pelo segundo turno terá que buscar mais facilidade de diálogo. Isso cabe tanto ao candidato do Progressistas, Cícero Lucena, quanto a Nilvan Ferreira, do MDB. O vencedor terá que lidar com os vereadores no sentido de reunir forças, para ter uma maior probabilidade de começar uma gestão com maioria entre os vereadores que farão a nova Câmara da capital.

Tão logo terminou o primeiro turno das eleições, Dinho (o segundo mais votado, com 6.255 votos) foi o primeiro a, mesmo ainda no bloco do atual prefeito Luciano Cartaxo (PV), declarar publicamente sua preferência por Cícero Lucena. Em silêncio, mas também tidos e contados no mesmo caminho, está a maioria dos novos vereadores de João Pessoa.

A nova Câmara ainda terá Tanilson Soares (Avante), com 7.570 votos; Eliza Virgínia (Progressistas), com 5.042 votos; Zezinho Botafogo (Cidadania), com 4.644; Chico do Sindicato (Avante), com 4.413 votos; Durval Ferreira (PL), com 4.285 votos; Bruno Farias (Cidadania), com 4.244 votos; Marmuthe Cavalcanti (PSL), com 4.152 votos; Thiago Lucena (PRTB), com 3.864 votos; e Marcos Henriques (PT), com 3.927 votos; além dos novatos Odon Bezerra (Cidadania), com 4.902 votos; Guga (Pros), com 4.389 votos; Emano Santos (PV), com 4.126 votos; Marcos Bandeira (PMB), com 3.875 votos; Toinho Pé de Aço (PMB), com 3.404 votos; e Júnior Leandro (PDT), com 2.233votos. Todos eles anunciaram apoio ao candidato do Progressistas.

Sem declarações divergentes, mas num bloco que ainda não manifestou integração a uma bancada pró-Cícero, estão os vereadores Bispo José Luiz (Republicanos), com 5.883 votos; Mikika Leitão (MDB), 5 mil votos; e Marcílio do HBE, que obteve 2.731 votos e que é do Patriota, legenda naturalmente mais pró-Nilvan Ferreira.

O caso do Patriota é mais conhecido e reconhecido não somente pela relação com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas, em termos de Câmara, ao vereador Carlão Pelo Bem, que é do partido e que, no último dia 15, ascendeu da suplência à titularidade do mandato com 2.332 votos.

Assim que terminou o primeiro turno, ele fez questão de se declarar com Nilvan Ferreira “para o que der e vier” e, com ele, são contabilizados Tarcísio Jardim (Patriota), com 2.273 votos; e o Coronel Sobreira (PDT), que saiu das urnas com 1.909 votos. Mas um dos vereadores contactados pela reportagem alertou que a política é como teoria, na prática é diferente. “Eleito e mudando de postura, Nilvan pode ter maioria, mesmo que não seja a prevista para Cícero”, deixou no ar.

Eleição da mesa

Dependendo da posição que o prefeito eleito vier a tomar no processo de eleição do novo presidente da Câmara – e historicamente isso sempre é levado em conta – tudo isso pode mudar... E muito. A eleição da próxima mesa diretora da Câmara Municipal acontece logo depois das posses dos vereadores eleitos em 2020, previstas para o dia 1º de janeiro.

E a precisão é de que muita coisa aconteça até lá, porque, ao invés de uma, a previsão é de que haja duas eleições, uma da mesa para o biênio 2021-2022 e outra para o período 2023-2024, o que os vereadores costumam chamar de “eleição casada” ,onde os espaços para acordos são mais amplos, mas que, nem por isso, diminuem o tamanho da movimentação e até do “vale-tudo”, quando ocorrem até “traições”.

E é justamente na esteira dessa novidade antecipada sobre “eleição casada” que, nesta semana, já surgiu um forte candidato. O atual presidente da Casa, vereador João Corujinha (Progressistas) está no páreo e, com ele, o forte trunfo de ter o que negociar com quem quiser ser presidente de 2023 a 2024.

Os primeiros a cair em campo, no entanto, foram os vereadores Marmuthe Cavalcanti e Milanez Neto, que alguns blogs de notícia da cidade já espalharam. Marmuthe garantiu que já estava com articulações em curso e, no mesmo dia, através de uma emissora de rádio da cidade, Milanez Neto se disse “em busca do apoio dos colegas”.

Sem declarações públicas desse quilate, os candidatos citados ou cotados são muitos. Até por ter sido o mais votado, Tanilson Soares não descarta seu nome. Ainda há Durval Ferreira (PL), que já foi presidente cinco vezes do Poder Legislativo; o presidente municipal do partido do governador (o Cidadania), Bruno Farias; Damásio Neto, que já murmurou para alguns correligionários que é candidato à mesa; e há quem diga que Mikika Leitão (MDB) já está em campo.

Propostas

Como primeiro e candidato assumido, o vereador Marmuthe Cavalcanti já tem até um rol de promessas e propostas para melhorar as condições de trabalho e de postura política do Poder Legislativo municipal. Ele começa dizendo que está aberto ao diálogo e que tem feito contato com todos os eleitos para viabilizar sua candidatura.

“Queremos formar um grupo que possa fazer uma Casa Legislativa diferente de tudo que já passou, sem os vícios e subserviências”, garante ele, ao completar que a Câmara precisa trabalhar cada vez mais para merecer o nome de ‘Casa do Povo’”.

Ponderado, Milanez Neto acha que esse é o tipo de disputa que não se deve colocar o nome de forma individual. “Se tiver o apoio dos colegas vereadores reeleitos e novatos, vou disputar a presidência da Casa”, afirmou.



Fonte: Espaço PB com jornal A União (Ademilson José e Jorge Rezende) – Foto: Secom-CMJP – contato@espacopb.com.br

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