FCJA é palco de dia histórico na defesa da memória dos trabalhadores do campo na Paraíba

Publicado em: 08/09/2024 às 15:50
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O Auditório Juarez da Gama Batista, no Anexo I da Fundação Casa de José Américo (FCJA), na capital paraibana, vivenciou um dia histórico na manhã da sexta-feira (6). Num mesmo espaço estavam reunidas várias lideranças (da nova e da antiga militância) dos movimentos sociais e de instituições de atuação em defesa dos trabalhadores do campo (agricultoras e agricultores) no estado da Paraíba.

No evento de lançamento do livro ‘Memória Camponesa: as ligas camponesas na Paraíba’, entre tantos nomes presentes (intelectuais, artistas, jornalistas etc.), da luta no campo e em defesa da democracia, estavam personagens como Júlio César Ramalho, Ivan Targino, Diley Aparecida, Irmã Tânia, Emília de Rodat, Genaro Ieno, Ruy Leitão, Rangel Júnior, Alane Lima e Frei Anastácio, além dos jornalistas Gonzaga Rodrigues e Sérgio Botelho.

Com um público que lotou o auditório da FCJA, inclusive com a participação de integrantes de caravanas da cidade de Sapé e da Região da Borborema, a professora Lúcia Guerra, gerente do Arquivo da FCJA e representante do Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, destacou: “A luta pela democracia é no quotidiano, acontece a todo momento”.

Já a presidente do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas (MLL), em Sapé, Alane Lima, fez uma referência especial à Elizabeth Teixeira: “Uma mulher marcada para viver”. Próxima a completar 100 anos de vida e residindo em João Pessoa, Elizabeth Altino Teixeira é uma trabalhadora rural e ativista que enfrentou a família de pequenos proprietários ao se casar com João Pedro Teixeira (assassinado pela ditadura), trabalhador sem-terra e negro. Ao lado dele, militou nas ligas camponesas na Paraíba.

“A luta pela terra, pela reforma agrária, é um incentivo para que a gente continue vivendo, de outra forma, estaremos fadados ao desaparecimento”, afirmou Alane, enfatizando: “Ou a gente briga, luta pela reforma agrária neste país, ou desaparecemos. Sem luta, sem reforma agrária e sem memória, não há democracia. Onde houver a formação, haverá a luta camponesa. O caminho é a via campesina”.

Um dos momentos marcantes do evento de lançamento do livro foi a participação de Neide Araújo, filha de Pedro Fazendeiro, morto pela ditadura militar quando ela ainda era uma criança. “Agradeço de coração a todos pela luta da reforma agrária, uma luta do meu pai. Tenho orgulho da luta do meu pai”, discursou Neide, emocionada. “Há 60 anos que vimos o nosso pai pela última vez, quando lhe dei o último abraço. O homem do campo não pode morrer. O maior sonho do meu pai era ver a reforma agrária realizada”.

O lançamento do livro ‘Memória Camponesa: as ligas camponesas na Paraíba’ na Fundação Casa de José Américo ocorreu na véspera da data que marcou os 60 anos do desaparecimento do líder camponês Pedro Fazendeiro. A obra contém depoimentos de camponeses, lideranças do movimento, lideranças sindicais, jornalistas, estudantes, políticos e profissionais liberais que apoiavam essa luta da população brasileira no início da década de 1960.

A publicação é resultado de um seminário que aconteceu em 2006, organizado por Ivan Targino, Marilda Menezes, Emília Moreira, Genaro Ieno, Waldir Porfírio e Belarmino Mariano. Com os apoios do Memorial da Democracia da Paraíba, da Fundação Casa de José Américo; da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB); e do Governo da Paraíba, o evento de lançamento do livro foi promovido pelo Memorial das Ligas Camponesas e pelo Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça.



Fonte: Espaço PB com Assessoria-FCJA – Foto: Amanda Felix – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

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