
Quando morre um colega da imprensa, a sensação é de perda de uma parcela da história da comunicação paraibana. Quando esse colega foi um amigo e companheiro de labuta nas redações por onde você andou, o sentimento é mais profundo. O vazio fica maior. A morte de um amigo que fez parte de sua vida pessoal e da sua trajetória profissional torna-se marcante, mais contundente.
Senti – e sinto até hoje – a morte de muitos desses amigos. Alguns deles, a ausência se torna maior. Todos fazem falta na minha vida e no dia a dia das redações; alguns mais, outros menos, mas o vazio deixado por eles é forte. Esse é o caso do amigo Antônio Hilberto, o Toinho, que morreu no dia 11 de maio de 2013. Convivemos por um bom tempo nas redações do Correio da Paraíba e do jornal O Norte, e na Secretaria da Comunicação da Prefeitura de João Pessoa (Secom-JP). E a convivência se estendia ao quotidiano de bares e eventos envolvendo profissionais da imprensa. Toinho foi um dos poucos amigos que me fez sentir a necessidade de comparecer ao velório.
Outros dois amigos da imprensa que partiram e senti a necessidade de estar em seus velórios foram Klécio Bezerra, que morreu em 19 de outubro de 2020, e José Carlos dos Anjos, desencarnado em 29 de abril de 2024. Klécio, além de um diagramador nota dez e parceiro nos vários trabalhos e tarefas que criamos e desenvolvemos na Secom-JP e na redação de A União, era uma pessoa formidável e agradável. Gente boa demais. Já Zé Carlos dos Anjos foi um dos meus mestres e um dos amigos que mais estiveram ao meu lado nas horas mais difíceis. Estivemos atuando juntos principalmente no jornal Correio da Paraíba e na Secom de João Pessoa.
Uma das mortes mais dolorosas pra mim foi a do amigo Alexandre Nunes, vítima da covid-19 em 12 de dezembro de 2020. De um caráter e honestidade exemplares, Alexandre era totalmente espiritualizado. Extremamente educado e humano. Senti demais. E ele se foi em um momento em que nossa amizade havia ganhado o reforço de nossa sociedade frente ao portal de notícias Espaço PB. Perdi o amigo e o sócio.
Três outros amigos foram Agnaldo Almeida (25 de fevereiro de 2024), Ricardo Anísio (17 de setembro de 2023) e Carlos Aranha (11 de novembro de 2024). Agnaldo foi fundamental na minha vida profissional. Todas as oportunidades importantes que obtive no jornalismo paraibano foram proporcionadas por ele. Era meu mentor e sempre me valorizou e me deu preferência. Carlos Aranha foi uma convivência formidável nas redações de O Norte e Correio da Paraíba. Aprendi demais com ele. Por causa de Aranha, acabei virando editor de Cultura (Caderno Show de O Norte). E foi esse período “cultural” que proporcionou minha amizade com Ricardo Anísio. Também me ensinou demais.
Mais recentemente, no dia 7 de janeiro deste ano, perdemos Cardoso Filho. Por cerca de sete anos tivemos uma convivência diária na redação de A União. Discutíamos, divergíamos, mas a confiança mútua era grande. Gostava demais dele. Todavia, outras duas mortes me marcaram no que diz respeito ao emocional. Foram as mortes de Walter Galvão, em 7 de julho de 2021, e de Neno Rabello, no dia 11 de julho de 2016. Fiquei com uma “dívida” com os dois. Por isso, o remorso ainda me corrói.
Numa manhã de julho de 2021, estava na correria de fechamento de páginas em A União, quando recebi a visita de Galvão. Ele me entregava como presente dois dos seus últimos livros editados. Ocupado demais, mal dei atenção ao amigo, que logo foi embora. Dias depois, veio a notícia de sua morte. Abatido, em casa fui ver os presentes e observei que as dedicatórias nas duas obras eram praticamente uma despedida. Isso mexe comigo até hoje. Um remorso por não ter dado a atenção devida a Walter Galvão. Remorso que carrego.
Convivi por cerca de vinte anos com Neno Rabello, ele como diretor-presidente e eu como editor-geral (em certos períodos só como repórter) da revista A Semana. “Entre tapas e beijos”, gostávamos de verdade um do outro. E a confiança era grande, apesar de que passávamos mais tempo intrigados (principalmente da minha parte). Porém, logo fazíamos as pazes. Discutíamos demais devido a posicionamentos políticos, econômicos e comportamentais. A nossa última intriga durou mais: quase seis meses. Eu já fora da revista, mas Neno sempre me ligando para eu fazer uma visita a ele em seu apartamento que funcionava como redação de A Semana. Fui irredutível. Justamente na semana que “minha raiva havia passado” e decidira fazer a visita, veio a notícia da morte de Neno. Não deu tempo para a nossa “reconciliação”. Neno Rabello se foi e o meu remorso ficou.
Fonte: Espaço PB com jornal A União (texto originalmente publicado na seção Memorial, da edição do dia 14 de janeiro de 2025) – Foto: Pixabay – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com
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